sexta-feira, 7 de julho de 2017

DIRETÓRIO DE CULTO PÚBLICO [Leitura com concluída com comentários]



Adquiri o Diretório de Culto de Westminster: Um Diretório para o Culto Público a Deus nos Três Reinos: Inglaterra, Escócia e Irlanda, no Amazon para o kindle.

Conclui a leitura e fiquei de certa forma apreensivo pelo que li e principalmente pelo conteúdo de e forma como as orações são orientadas. Faço aqui um resumo para o blog.

Nas primeiras organizações da Assembleia de Westminster já houve uma preocupação por um diretório de culto. Era um assunto urgente, pois as mudanças de cultos seriam imediatas, e uma das maiores reformas necessárias seria libertar o culto do sistema episcopal.

O Diretório de culto era urgente pois a liturgia episcopal havia sido revogada nas igrejas que aderiram ao Pacto Solene. E deveria ser uma determinação para usar em todos os lugares.

Junto com a liturgia era urgente também tratar sobre disciplina, para não deixar as igrejas em confusão. O Parlamento em 1643 orientou que Assembleia tratasse desses temas para evitar um problema com as igrejas dos Três Reinos.

Debates que envolviam costumes e tradições inglesas e escocesas geraram muitos debates. Exemplos de orações foram dados para que não houvesse excessos de petições desnecessárias nos cultos. Sobre a leitura das Escrituras, foi acordado por todos que deveria fazer parte de todo serviço público, mas houve divergências de opiniões sobre a liberdade de ler a bíblia em público. Alguns achavam que não deveria ser lida sem exposição e outra questão era se a pregação era ofício apenas do pastor. Para resolver isso foi usado como exemplo a eclesiologia da sinagoga judaica. Que a leitura bíblica não pertence somente ao pastor na liturgia, mas a outras pessoas por ele indicado. Mas prioritariamente era dever do pastor.

A principal dificuldade surgiu a respeito do modo de administrar os sacramentos. Como o batismo deveria ser. Sempre administrado em público, na presença da igreja. Que os pais deveriam trazer suas crianças para o batismo. E colocá-los debaixo da disciplina e admoestação do Senhor.

O modo do batismo foi bem discutido, se por imersão ou aspersão. A Assembléia ficou em parte dividida, e prevaleceu por votação da maioria que não é necessário imergir na água, mas o batismo é devidamente administrado por efusão ou aspersão.

Em relação a administração da Ceia do Senhor, praticamente a única polêmica na Assembléia foi em relação ao modo de administrar, se a participação dos membros deve ser ao redor da mesa, como se participando de uma refeição, ou se os comungantes pode participar nos bancos, a alguma distância. Os escoceses apoiavam a participação ao redor da mesa, e neste debate gastaram duas semanas. Os teólogos ingleses não concordavam com esse costume. Mas estavam dispostos a consentir que na Escócia adotassem o costume da prática antiga.

As instruções para a pregação eram simples, também transcorreram bem os temas como a santificação do Dia do Senhor. Essa nulidade de controvérsia sobre o Dia do Senhor comprova que era uma prática normal e aceita por todos, independentemente de denominação ou país.

Temas como cerimônias de casamento, visitações a doentes e observância de dias de jejuns, humilhações públicas e ações de graças transcursaram tranquilamente.

Sobre cerimônias adequadas para enterros dos mortos. Neste tema os ingleses e escoceses entraram em novo debate sobre a questão de pregar sermão em funeral. Foi determinado por votação que o corpo deveria ser enterrado sem cerimônia, e ajoelha-se ou orar pelos mortos foi declarado supersticioso. Orar, ler e cantar no túmulo foi considerado em vão.

O Diretório de Culto foi destinado a substituir a antiga liturgia e isso explica muitos pontos discutidos na Assembléia. A intenção era afastar todo serviço do Livro de Oração Comum (livro de liturgia da comunhão anglicana).

A essência do Diretório é afastar toda idolatria e superstição de influência romanista.

Pelos independentes poderia haver mais liberdade nas orações, mas aprovaram com unanimidade o Diretório de Culto de Westminster.

Uma mudança interessante foi a retirada completa da leitura de livros apócrifos, o sinal da cruz, nenhuma cerimônia de enterro, o anel de casamento, roupas especiais para os ministros e dias dos santos.

O Diretório não foi imediatamente observado em todo reino. Alterações nas formas habituais de culto público são sempre feitas com dificuldade. O hábito e costumes, na maioria das pessoas, são mais fortes do que a razão.

Algumas igrejas simplesmente desprezaram o diretório e continuaram fazendo uso da Oração Comum, desafiando o decreto do Parlamento, enquanto outros se recusaram a se limitar por qualquer forma ou fizeram do seu modo.

O Parlamento para incentivar (ou obrigar) o uso do diretório impôs multa por decreto para que fosse lido, quando não lido havia uma multa e se usassem o Livro Comum de Orações havia uma multa de cinco libras para a primeira infração, 10 libras para a segunda e a terceira reincidência, prisão.

E se alguém escrevesse contra o diretório deveria pagar uma multa de 50 libras a ser dado aos pobres. Havia multas, confiscos e prisões numa tentativa de promover uma unidade presbiteral de adoração.

Mas logo aprenderam que unidade religiosa nunca pode ser produzida por imposição, e se pudesse não passaria de um cumprimento hipócrita ritualístico e institucional.

O Rei Carlos I, embora estivesse sem autoridade plena sobre todo seu reino, emitiu em 1645 uma proclamação proibindo o uso do novo Diretório. O Diretório mexia na espinha dorsal de todo o sistema ritualístico episcopal.

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Diretório de Culto de Westminster: Um Diretório para o Culto Público a Deus nos Três Reinos: Inglaterra, Escócia e Irlanda. Teólogos de Westminster e comissários da Igreja da Escócia. Editora Os Puritanos, 2000.

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