quarta-feira, 10 de maio de 2017

MATEUS, O EVANGELHO DO GRANDE REI [Introdução]


Está próximo o reino dos céus

Em Apocalipse 4.7, na descrição dos quatros querubins, ou seres viventes, o primeiro era semelhante ao leão (o rei dos animais); o segundo, o novilho (ou boi, que serve aos homens com grande paciência); o terceiro tinha o rosto como de homem; e o quarto era semelhante a águia quando voa. Os crentes primitivos comparavam com razão, esses símbolos aos quatros Evangelhos. O livro de Mateus é o Evangelho do Rei. O livro de Marcos é o Evangelho do grande Servo de Deus. O livro de Lucas é o Evangelho do Filho de Homem. O livro de João é o Evangelho do Filho de Deus.

No livro de Mateus, o Evangelho do Rei, vê-se nos primeiros capítulos o Rei dos Judeus e por fim o Rei soberano nos céus e na terra, enviando Seus embaixadores as nações para exigir sua sujeição e homenagem.

No livro de Marcos, o Evangelho do grande servo de Deus, enfatizam-se os atos de Cristo, não as Suas palavras. Enquanto Mateus relata os grandes discursos de Cristo, Marcos conta da lida incansável do Servo de Jeová.

No livro de Lucas, o Evangelho do Filho do Homem, mostra-se o coração de Jesus em uma série de manifestações de Sua compaixão, ternura e amor. Primeiro revela-o como criança de colo e, por fim, no passeio a Emaús, mostra que Seu coração humano mão se mudara na morte e nem na ressurreição; Ele continua Filho do Homem.

No livro de João, o Evangelho do Filho de Deus, vê-se como Jesus assemelha-se à natureza da águia que voa e nos leva às alturas da Sua divindade eterna. É o livro que nos revela o mistério de Ele ser um com o Pai. Nenhum dos quatro evangelistas, contudo, pretende dar uma biografia completa de Jesus Cristo. Ao contrário, vede, por exemplo, João 21.25.

Qual foi então o propósito de Mateus ao escrever seu Evangelho? Isso Ele não declarou expressamente. Mas no que escreveu descobre-se que o seu alvo era o de demonstrar, incontestavelmente, que Jesus de Nazaré é o grande Messias, o verdadeiro Rei, prometido de Deus e esperado durante longo tempo por seus patrícios, os judeus. Para esse fim, Mateus cita cerca de quarenta passagens do Antigo Testamento. O único lugar na Bíblia onde aparece o termo “reino dos céus” é no livro de Mateus; aí aparecem trinta e seis vezes! No primeiro capitulo da sua obra, Mateus prova que Jesus nascera da linhagem real. No terceiro capítulo descreve o precursor do Rei, proclamando que o Reino está próximo. O sermão do monte é realmente o manifesto desse Rei. Seus milagres são suas credenciais (cap. 8-9); Suas parábolas são intituladas “os mistérios do Reino”. Até fora do país Ele chamado “o Filho de Davi”; declarou-se livre da obrigação de pagar tributo, sendo Filho do Rei. Entrou, por fim, em Jerusalém como Rei; na sombra da cruz predisse a Sua volta em glória para reinar sobre tudo. Na ocasião da Sua morte, fenderam-se as rochas, a terra tremeu e mortos saíram dos túmulos. A sua ressurreição foi com poder majestoso, acentuado por terremoto e grande terror entre os guardas. Nas suas últimas palavras proclamou Seu direito de Rei e deu a Sua ordem real: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto...”


O autor do primeiro Evangelho

O autor do livro é logo o Espírito Santo. Mas a pena que Ele usou estava na mão de Mateus, também chamado Levi (Lc 5.27-29), um judeu da Galileia.

Um dos atos mais humilhantes, e igualmente sublimes, foi o da Divindade Santíssima comer com publicanos. O Rei dos reis, nesse gesto de imenso amor, ganhou um dos mais desprezados pecadores do mundo, “Mateus o publicano”, Mt 10.3. Seu nome está incluído em todas as listas dos nomes dos doze apóstolos, Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13. A graça do Mestre, em comer com publicanos, ganhou não apenas esse apóstolo, mas, também, por intermédio dele, ganhou-nos a obra que encabeça o Novo Testamento, o Evangelho segundo Mateus.

O escritor do primeiro Evangelho era, por nascimento, um judeu. De ofício, foi publicano, até o dia em que Cristo o chamou para segui-lo. Desde então passou a acompanhar o Senhor Jesus durante todo o tempo em que Ele andou entre eles, começando no batismo de João, até o dia em que foi elevado às alturas, Atos 1.21-22. Era, portanto, uma testemunha inteiramente fidedigna, escrevendo do que ele mesmo ouvira, do que vira com os próprios olhos, e do que apalpara com as suas mãos, I Jo 1.1.


A data do livro de Mateus

O Evangelho segundo Mateus não somente ocupa o primeiro lugar de todos os vinte e sete livros do Novo Testamento, mas os eruditos, geralmente, concordam que foi escrito antes de qualquer outro dos quatro Evangelhos. Conforme a tradição, o Evangelho Segundo Mateus foi escrito no ano 37 A.D. Pelo que consta do cap. 24.15, é claro que foi escrito antes do ano 70 A.D., quando Jerusalém foi destruída.


As divisões do livro

A matéria do livro de Mateus, na maior parte, não foi escrita em ordem cronológica. Note-se como quase todos os relatos dos milagres estão agrupados nos caps. 8 e 9, enquanto uma grande parte das lições de Cristo estão ajuntadas como nos caps. 5 a 7. Contudo pode-se dividir o livro em três grandes partes:
1) A genealogia, o nascimento e a meninice do Senhor, caps. 1 e 2.
2) O ministério de Jesus na Galileia, caps. 3 a 18.
3) O seu ministério na Judeia, seguido por sua paixão, morte e ressurreição, caps. 119 a 28.


O valor prático do primeiro Evangelho

Para os crentes em geral, Cristo Jesus é apenas Salvador. É fato transcendente que Ele nos salva. Mas Mateus foi inspirado divinamente para levar os crentes a viverem esperando a inauguração do reinado do Rei universal. Ao contemplar, hoje em dia, a efervescência dos povos da terra, a selvageria da guerra, a crescente ameaça do mal de derribar todo o governo – ao contemplar tudo isso, o nosso coração anela o reinado daquele cuja sabedoria nunca falha, cujo amor é infinito e cujo poder é supremo.

Cremos que uma das coisas mais práticas no propósito do Evangelho Segundo Mateus é induzir os crentes a aceitarem a Cristo, não somente como Salvador, mas também como Rei pronto a reinar sobre todo o mundo. O anelo da nossa vida cotidiana é o que determina praticamente a nossa vida. É pergunta penetrante: A aspiração da nossa vida é realmente a mesma da última suplica da Bíblia: “Vem Senhor Jesus?”


BOYER, Orlando. Mateus, O Evangelho do Rei. Rio de Janeiro: CPAD, 1951, 292p.

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