segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA - UMA VISÃO BÍBLICA DO HOMEM


"É justamente através do conhecimento que descobrimos os nossos limites; já que o conhecimento aponta para o que está além de nós, vindo daí nossos desejos, resultantes de outros que foram satisfeitos, mas, que trouxeram em seu ventre o símbolo de novas carências... Temos que concordar com Sócrates (469-399 a.C.), quando coloca nos lábios de Diotima, que "quem não se considera incompleto e insuficiente, não deseja aquilo cuja falta não pode notar." O conhecimento da nossa ignorância é o princípio do conhecimento.

A Ciência é em grande parte filha da necessidade e do trabalho. É a necessidade que se revela no trabalho, na pesquisa, na procura pelo saber. Parece-nos ser fato que o desejo é fruto da carência ou da consciência da carência de totalidade, da falta de onisciência, sendo portanto um atributo dos mortais. Todavia, este desejo precisa ser conscientizado: a ignorância do desejo é a acomodação na limitação. Assim sendo, a Ciência, é produto do homem consciente da sua necessidade e ao mesmo tempo, disposto a suprimi-la. A Ciência, como fruto do labor humano, começa pelo sonho dos inconformados que não se contentam com os limites da ignorância. "O sonho é uma fresta do espírito", como bem observou Machado de Assis (1838-1908) e a fé que permeia a ciência, por ser "racional", deve ser essencialmente ativa.

Sem sonho não há possibilidade de Ciência e, sem trabalho, os sonhos não se constroem, permanecem escondidos, só vindo à luz durante as "trevas" do sono, onde não há perigo de serem concretamente confrontados... "Aqueles de nós que não estão dispostos a expor suas ideias ao risco da refutação não tomam parte no jogo da ciência", nos adverte Popper (1902-1994).

Hermisten Maia Pereira da Costa - ANTROPOLOGIA TEOLÓGICA: Uma visão bíblica do homem - p.31.


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