sábado, 8 de abril de 2017

TEOLOGIA SISTEMÁTICA DE CHARLES HODGE



O Livro Teologia Sistemática de Charles Hodge é um material teológico de grande importância para quem deseja se aprofundar nos estudos da teologia. Hodge foi um grande estudioso e dedicou sua vida aos estudos da teologia. Um consagrado teólogo lúcido em seus pensamentos, vigoroso em suas afirmações e respeitado pela sua integridade cristã, fiel ao conteúdo das Antigas Escrituras dos patriarcas, profetas e apóstolos. Sua Teologia Sistemática não é especulativa, nem filosófica, nem teórica, mas Bíblica. Sua obra expõe a teologia sistemática a partir dos pressupostos clássicos da Reforma Protestante. E como não poderia deixar de ser, essa é uma obra bem grande. Essa, especificamente, possui 1.774 páginas e foi minuciosamente elaborada.

A teologia sistêmica de Charles Hodge apresenta ao leitor uma reflexão doutrinária aprofundada sobre todos os assuntos teológicos e um índice temático e biográfico que torna a obra confiável, funcional e respeitável a todo que investe no estudo aprofundado da teologia cristã.

A Bíblia é um sistema teológico. A Bíblia contém as verdades que o teólogo precisa coligir, autenticar, organizar e demonstrar em sua relação natural umas com as outras. Isso constitui a diferença entre a teologia bíblica e a teologia sistemática. A função da primeira é asseverar e declarar os fatos da Escritura. A função da segunda é tomar esses fatos, determinar sua relação entre si e com as outras verdades cognatas, bem como vindicá-las e mostrar sua harmonia e consistência. “Essa não é uma tarefa fácil, nem de somenos importância.”

Naturalmente pode-se perguntar por que não tomar as verdades como Deus considerou próprio revelá-las, e então poupar-nos do trabalho de demonstrar sua relação e harmonia?

A resposta a essa pergunta é, em primeiro lugar, que isso não pode ser feito. Tal é a constituição da mente humana que ela não consegue empreender a sistematização e conciliação dos fatos que ela própria admite ser verdadeiros. Em nenhuma esfera do conhecimento os homens têm ficado satisfeitos com a posse de uma massa de fatos indigestos. E dos estudiosos da Bíblia tampouco se pode esperar que fiquem satisfeitos. Portanto, existe uma necessidade para construir sistemas teológicos. Disso a história da Igreja oferece abundante prova. Em todas as épocas, e entre todas as denominações, têm-se produzido tais sistemas.

Em segundo lugar, tem sido obtido, portanto, conhecimento de um tipo muito mais elevado do que por mero acúmulo de fatos isolados. Por exemplo, uma coisa é saber que os oceanos, os continentes, as ilhas, as montanhas e os rios existem na face da terra; outra muito mais elevada é conhecer as causas que têm determinado a distribuição de terra e água na superfície de nosso globo; a configuração da terra; os efeitos dessa configuração sobre o clima, sobre as espécies de plantas e animais, sobre o comércio, a civilização e o destino das nações. É identificando essas causas que a geografia emergiu de uma coleção de fatos para uma ciência altamente importante e elevada. De igual modo, sem o conhecimento das leis de atração e movimento, a astronomia seria uma confusa e ininteligível coleção de fatos. O que é verdadeiro em relação a outras ciências é verdadeiro em relação à teologia. Não podemos saber o que Deus revelou em sua Palavra a menos que entendamos, pelo menos numa medida plausível, a relação em que as verdades dispersas nela compreendidas mantém umas com as outras. Solucionar o problema concernente à pessoa de Cristo, isto é, ajustar e produzir um arranjo harmonioso de todos os fatos que a Bíblia ensina sobre esse tema, custou à Igreja séculos de estudo e controvérsia.

Em terceiro lugar, não temos escolha nessa matéria. Se desempenharmos nosso dever como mestres e defensores da verdade, devemos envidar esforços em trazer todos os fatos da revelação a uma ordem sistemática e a uma relação mútua. Somente assim podemos satisfatoriamente exibir suas verdades, defendê-las das objeções ou apresentá-las para que se disseminem, na plenitude de sua força, na mente dos homens.

Em quarto lugar, essa evidentemente é a vontade de Deus. Ele não ensina astronomia nem química aos homens, mas lhes fornece os fatos dos quais essas ciências são construídas. Tampouco ele nos ensina teologia sistemática, mas nos exibe na Bíblia as verdades que, apropriadamente entendidas e organizadas, constituem a ciência da teologia. Como os fatos da natureza se acham todos relacionados e determinados pelas leis físicas, da mesma forma os fatos da Bíblia se acham todos relacionados e determinados pela natureza de Deus e de suas criaturas. E como ele quer que os homens estudem suas obras e descubram sua portentosa relação orgânica e harmoniosa combinação, assim sua vontade é que estudemos sua Palavra, e aprendamos que, como os astros, suas verdades não são pontos isolados, mas sistemas, ciclos e epiciclos, numa infindável harmonia e grandeza. Além de tudo isso, embora as Escrituras não contenham um sistema de teologia como um todo, temos nas Epístolas do Novo Testamento porções desse sistema a ser elaborado por nossas mãos. Elas são nossa autoridade e guia.

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