sábado, 22 de outubro de 2022

MINISTÉRIO CRISTÃO E ESPIRITUALIDADE: O DESAFIO DE VIVER DE FORMA BÍBLICA E RELEVANTE A VOCAÇÃO PASTORAL E MISSIONÁRIA [Resenha 096/2022]


Ministério cristão e espiritualidade tem como objetivo estimular o leitor e servir de ferramenta para a construção de uma espiritualidade pautada na Palavra de Deus e vivenciada com profundas experiências cristãs, que identifique o compromisso da missão da Igreja de revelar as virtudes do Mestre e dar continuidade à sua obra no modelo por ele estabelecido. E isso fica claro nos seguintes pontos desta obra:

A autora (1) apresenta uma visão ampla da espiritualidade, que necessariamente abrange todas as áreas e situações da vida. (2) Este livro se apresenta como um guia de reflexão e de prática que fornecerá ao leitor importantes elementos para aprofundar sua vida com Cristo e para melhor servir ao reino de Deus. (3) compartilha princípios bíblicos e práticos para nos encorajar a aprofundar, diariamente, a nossa comunhão com Cristo Jesus, nosso Senhor, e para buscar uma vida revestida do poder do Espírito Santo, mantendo a chama por missões ardendo em nosso coração. (4) Utilizando-se do modelo de Jesus Cristo e de sua missão, a autora destaca alguns princípios vivenciados por Cristo em sua missão, que, para ela, expressa sua espiritualidade. Princípios como: foco no alvo traçado pelo Pai, sem distrações; total dependência do mesmo Pai que o arregimentara; sua paixão por gente; sua missão com plena consciência do propósito divino e dimensão da eternidade, resumindo bem a caminhada do Nazareno pela terra.

Portanto, o livro nos convoca para uma prática esquecida na modernidade e pouco lembrada em nossos dias. Dias de tanta correria e de tempo tão escasso, a “arte de escutar” passa despercebida por aqueles que desejam vida e ministério frutíferos. Ouvir a Deus e fazer calar a alma demandam tempo na presença do Altíssimo. Não só tempo, mas também sabedoria para discernir sua voz em meio a tantas outras que ressoam ao nosso redor. Em outras palavras, há necessidade de afinar nosso coração ao coração do Pai, prática que reflete o desafio na construção de uma espiritualidade sadia.
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BEZERRA, Durvalina. Ministério Cristão e Espiritualidade: O desafio de viver de forma bíblica e relevante a vocação pastoral e missionária. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2022.193p.

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sexta-feira, 14 de outubro de 2022

O PROBLEMA DO DOR [Resenha 095/2022]


Clive Staples Lewis (1898-1963) foi um dos gigantes intelectuais do século XX e provavelmente o escritor mais influente de seu tempo. Era professor e tutor de literatura inglesa na Universidade de Oxford até 1954, quando foi unanimemente eleito para a cadeira de Inglês Medieval e Renascentista na Universidade de Cambridge, posição que manteve até a aposentadoria. Lewis escreveu mais de 30 livros que lhe permitiram alcançar um vasto público, e suas obras continuam a atrair milhares de novos leitores a cada ano.

O autor apresenta que o único propósito deste livro é resolver o problema intelectual levantado pelo sofrimento; para a tarefa muito mais elevada de ensinar fortaleza e paciência, nunca fui tolo o suficiente para supor que estava qualificado, nem tenho nada a oferecer a meus leitores, exceto minha convicção de que, quando a dor deve ser suportada, um pouco de coragem ajuda mais do que muito conhecimento, e um pouco de simpatia humana, mais do que muita coragem, e o ínfimo traço do amor de Deus, mais do que tudo.

Se qualquer teólogo de verdade ler estas páginas, verá facilmente que são obra de um leigo e de um amador. Exceto nos dois últimos capítulos, partes dos quais são admitidamente especulativas, acredito reafirmar doutrinas antigas e ortodoxas. Se alguma parte deste livro é “original”, no sentido de ser nova ou heterodoxa, é contra a minha vontade e por causa da minha ignorância. Eu escrevo, é claro, como um leigo da Igreja da Inglaterra, mas não tentei assumir nada que não seja professado por todos os cristãos batizados e comungantes.

Em O problema da dor, C.S. Lewis, aborda assuntos que afligem os pensadores de todas as gerações, tendo como ponto de partida um questionamento feito com frequência: “Se Deus é bom e Todo-poderoso, por que ele permite que suas criaturas sofram?” O livro possui dez capítulos que trata de assunto tais como: Onipotência e bondade divina, maldade, a queda e a dor humana, e conclui tratando sobre inferno e céu.
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LEWIS, C.S. O problema da dor. Rio de Janeiro, RJ: Thomas Nelson Brasil, 2021. 208p.

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EVANGELHO INTEGRAL: HOMENAGEM A RENÉ PADILLA [Resenha 094/2022]


Esta publicação tem o caráter de memória afetiva e não acadêmica. Um reconhecimento muito especial. Estamos, como amigos e famílias, prestando aqui nossa homenagem a uma pessoa ímpar, absolutamente admirável: o teológico equatoriano René Padilla que, a partir da sua vida e reflexão bíblico-teológica, promoveu um deslocamento de centro de gravidade da teologia evangélica para o sul global, em particular para e desde a América Latina.

René Padilla era um teólogo, na expressão plena do termo, que nos fará muita falta, pelo compromisso, generosidade e forma de nos instigar a pensar de maneira contextual o Evangelho Integral do reinando de Deus diante dos problemas do nosso tempo.

Se existe um lugar espiritual-subjetivo que frequentamos com certa regularidade, esse lugar é a recordação. Espaço conjugado com o tempo na promoção de algumas de nossas memórias mais vividas, relacionadas a rostos, cheiros, amizades, lugares e de tudo que nos atravessa. Memórias que exigem reorganização e ressignificação para compartilhá-las nos constantes rabisco, risco e fragmentos que constituem os nossos afetos.

Assim, esse livro se propõe a relatar breves testemunhos de como a vida e obra de René Padilha influenciaram nossas vidas e ministérios, portanto, lembranças e recordações a partir de homens e mulheres que nos permitirão acesso a uma abordagem pessoal e de maneira vivencial, quer dizer, a partir do encontro humano, do contato direto e que desemboca na unidade do comunitário em sua dimensão afetiva, a exemplo da dança pericorética da comunidade trinitária do amor.

A escrita dessas memórias sobre René Padilha resultou em uma mosaico nas diferentes formas que o compõem, por terem se originado das memórias dessa comunidade que ganha materialidade sobre os quais construímos significados eternos. Textos, piadas, citações, afirmações, geografias, roupas, dores, cheiros, alegrias, divergências e teologias surgem dessa experiência, rica em emoções e corações revelados.

A qualidade dessas experiências é o que nos estimulou a registrá-las, pois não somente nos transformaram nessa tentativa de explicitar nossas emoções. São fragmentos de irmãos e irmãs que reunimos como em uma colcha de retalhos, pois como não há linearidade em nossa peregrinação, é somente de recordação em recordação que montamos o mosaico e desfrutamos das luzes de seus belos fragmentos que passam a gerar profundos sentidos espirituais para a vida.

Assim, como organizadores pensamos nas memórias como textos sagrados que reúnem, registram e guiam a nossa espiritualidade, tecidas sempre de forma coletiva e, no caso dessa homenagem, entrelaçadas. Cremos que esse texto de homenagem nos ajudará a enxergar o quanto nossas histórias são forjadas na vida uns dos outros. Logo, ao reunirmos essas muitas vozes, a vida e a obra de Dom René Padilla promovem uma temporalidade alargada para além do espaço tempo teológico, pois a formação de uma nova humanidade em Jesus tem, na vida e nas suas trocas, sua santidade.
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GONÇALVES, Iago. Evangelho Integral: Homenagem a René Padilla. São Paulo, SP: Editora Recriar, 2022.

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sábado, 8 de outubro de 2022

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER [Resenha 093/2022]


A minha primeira edição, publicado pelo Circulo do Livro é de 1984 e li em 1990. Esta outra edição – linda com capa dura – publicada pela Companhia das Letras, publicada em 2017 e adquirida recentemente.

Lançado em 1982, este romance foi logo traduzido para mais de trinta línguas e editado em inúmeros países. Hoje, tantos anos depois de sua publicação, ele ocupa um lugar próprio na história das literaturas universais. Este é um livro com importante contexto histórico, político e social. A narrativa nos encontra na década de 1960, na antiga Tchecoslováquia (República Tcheca, desde 1993), e, em alguns fragmentos, na década de 1980, após o desenrolar de diversos eventos que afetam a vida de todas as personagens envolvidas. Estas são quatro: Tomas, Tereza, Sabina e Franz (além de um cachorro: Karênin). Todos, de alguma forma, têm suas vidas entrelaçadas, mesmo que alguns não se conheçam pessoalmente, mas se encontram através da análise minuciosa que Kundera faz da trajetória de suas vidas.

Uma das maravilhas desse livro é, justamente, a simplicidade com que Kundera aborda suas profundas e filosóficas reflexões sobre a existência humana e a vida. E, ao mesmo tempo, é um livro tão denso que creio ser mais difícil fazer uma análise boa e precisa dele que faça jus à agradável experiência de sua leitura. Numa linguagem surpreendentemente acessível, Kundera desenvolve a história de seus personagens com poderosas considerações de cunho filosófico desde a primeira página do romance!

O romance descreve a vida humana como uma partitura musical, baseada em motivos que são executados com o ritmo e ênfase escolhida pelo maestro. Filosofia, música, política, história, relações interpessoais e tantos outros temas ganham espaço no mais aclamado escrito de Milan Kundera. O autor tcheco chega a trazer para dentro do livro análises críticas de outras obras ficcionais, reformulando o gênero do romance e fazendo-nos pensar até que ponto a ficção se sustenta. Seria a leveza da literatura tão insustentável quanto a do ser?
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KUNDERA, Milan. A Insustentável leveza do ser. São Paulo, SP: Círculo do Livro, 1984. 261p.

CRISTÃO CIDADÃO: CIDADANIA, ESPIRITUALIDADE E O PERIGO DA ALIENAÇÃO [Resenha 092/2022]


Grande parcela da igreja tem se mostrado irrelevante na transformação de realidades cruéis que atingem milhões de pessoas. Em grande parte, isso se deve a um pensamento que faz separação entre a espiritualidade e a cidadania do cristão. O desafio é viver o equilíbrio entre a expectativa da pátria celestial e a ação na realidade em que vivemos — realidade que mescla espiritualidade e cidadania, fé e política, e que, se compreendida na plenitude, nos afasta da alienação religiosa. Este livro busca estimular cada cristão a tornar sua fé cada vez mais relevante na sociedade, com impactos de fato transformadores sobre o mundo ao redor. (Sinopse)

“Marcos Mendes mostra em Cristão cidadão que os cristãos precisam viver sua cidadania terrena de modo digno de sua cidadania celeste. Somos alertados sobre o julgamento de Deus contra as cidades que exultam no pecado, mas também sobre o grande amor e misericórdia de Deus por essas cidades. Em Cristão cidadão, o autor examina com peculiar sensibilidade como a missão cristã atravessa as cidades.” (Davi Lago).

“Cristão cidadão” é um manifesto para o exercício de nossa dupla cidadania. Trata-se de uma denúncia ao cristão que despreza sua cidadania consciente no aqui-e-agora e, assim, nega ser um instrumento da missão do Deus sublime. E anúncio para que o cristão cidadão do reino de Deus proclame esperança, ainda que meio ao caos. (Jorge Henrique Barro).

Este livro nos convida a fazer uma reflexão absolutamente urgente e necessária. A falsa divisão “secular x sagrado”, que permeia o pensamento e comportamento de muitos evangélicos e, consequentemente, de muitas igrejas, é uma tragédia. Essa forma de pensar aliena as pessoas, impedindo-as de viver uma espiritualidade cristã encarnada nas experiências do cotidiano e na luta contra as forças da morte. (Bebeto Araújo).
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MENDES, Marcos. Cristão cidadão: cidadania, espiritualidade e o perigo da alienação religiosa. Rio de Janeiro, RJ: GodBooks, 2022. 104p

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A INCRIVEL HISTÓRIA DO VINHO: DA PRÉ-HISTÓRIA AOS NOSSOS DIAS. 10 MIL ANOS DE AVENURAS [Resenha 091/2022]


A INCRIVEL HISTÓRIA DO VINHO: DA PRÉ HISTÓRIA AOS NOSSOS DIAS. 10 MIL ANOS DE HISTÓRIA. [Benoist Simmat & Daniel Casanave].

#Recebidos da @lpm editores

Vamos de Sinopse. Logo teremos a Resenha.

Do surgimento na Mesopotâmia à globalização de hoje: a história do vinho pela primeira vez em HQ!
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A história do vinho é a história da humanidade. Na Antiguidade, o vinho era licoroso, aromatizado, acrescido de mel ou de óleo, e diluído com água antes de ser bebido. A mitologia grega transborda de alusões ao vinho, e, na Bíblia, ao final do dilúvio, Noé planta uma... vinha! A bebida fermentada a partir de uvas civiliza os homens e humaniza os deuses, e sua história corre paralela ao desenvolvimento da humanidade.
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No final da Antiguidade, o vinho gaulês já era muito exportado. Com a queda do Império Romano, a Igreja e os monastérios passam a perpetuar o savoir-faire da vinicultura; na Idade Média, o vinho enfim começa a se parecer com o que conhecemos hoje. A invenção da garrafa, no século XVII, revoluciona a estocagem, e a enologia se torna uma arte do bem viver. Com as grandes navegações, a bebida de Baco conquistou o Novo Mundo, e, hoje, é produzida em metade dos países do globo.
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A importância dos terroirs, a magia dos grands crus, os principais avanços tecnológicos, o surgimento dos vinhos biodinâmicos... tudo isso e muito mais está contato nessa história em quadrinhos acessível a todos os bebedores de vinho, tão deliciosa quanto inebriante.
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SIMMAT, Benoist. A incrível história do vinho: da pré-história aos nossos dias. 10 mil anos de aventuras. Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 2022. 304p.

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quinta-feira, 6 de outubro de 2022

FOGO EM MEUS OSSOS: A BIOGRAFIA DE EUGENE H. PETERSON [Resenha 090/2022]


Eugene Peterson foi um grande pastor, teólogo e escritor, reconhecido por seus estudos e escritos que inspirou um incontável número de líderes cristãos e leitores espalhados pelo mundo. Agora, temos em mãos a oportunidade de conhecer a vida e obra daquele que ficou conhecido como "pastor de pastores", dada a expressiva influência que até hoje exerce. Winn Collier teve acesso exclusivo ao biografado e a documentos que lhe permitiram produzir um retrato fiel de quem foi Eugene Peterson.

Pensador reconhecido por suas reflexões equilibradas sobre a missão e a vocação do ministro cristão. Nesta obra iremos descobrir a multifacetada e inspiradora vida de um dos pastores mais influentes das últimas décadas e as histórias singulares que moldaram sua fé em Deus. Conheça os desafios vividos por Peterson como pastor, marido e pai. Surpreenda-se com um clérigo cuja sofisticação intelectual não o impediu de apreciar as experiências singelas e belas da vida, e dedicar seus talentos à formação espiritual de gente simples.

Em Fogo em meus ossos, biografia autorizada, o leitor conhecerá detalhes e abordagens únicas sobre Peterson, cuja paixão por Jesus fez esse artesão da palavra escrever livros — além da aclamada interpretação da Bíblia, A Mensagem, lida e citada por celebridades como Bono Vox e Barack Obama — inspiradores àqueles que desejam desenvolver uma experiência plena com Deus.

Em uma entrevista feita com as figuras de destaque do ano em novembro de 2001, a revista Rolling Stone perguntou a Bono que livros ele estava lendo. “Uma tradução das Escrituras, o Novo Testamento e os Livros de Sabedoria”, ele disse, “que um cara chamado Eugene Peterson resolveu fazer. Tem sido uma grande força para mim. (Fogo em meus ossos, p. 230)

Winn, que é diretor do Centro Eugene Peterson para Imaginação Cristã, teve acesso exclusivo a documentos do biografado que lhe permitiram produzir um retrato fiel da multifacetada e inspiradora vida de um dos pastores mais influentes das últimas décadas.

"Tive contato com Eugene Peterson durante trinta anos e imaginei que o conhecesse. Ele não falava muito, especialmente sobre si mesmo. Eu não sabia de sua tatuagem de camundongo, do programa de rádio de sua mãe pentecostal, do fracasso cabal em sua primeira tentativa de plantar uma igreja, de sua amizade com um jovem Pat Robertson ou de seu talento para dançar quadrilha. De algum modo, Winn Collier extraiu de Eugene esses fatos quase desconhecidos que, juntos, completam o retrato de um gigante terno e humilde, que deu nova vida à Bíblia para milhões de pessoas e se tornou exemplo e inspiração para pastores sobrecarregados de toda parte." (Philip Yancey, autor de Alma sobrevivente)
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COLLIER, Winn. Fogo em meus ossos: A biografia de Eugene Peterson. São Paulo, SP: Mundo Cristão, 2022. 312p.

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A PESTE [Resenha 089/2022]


A Peste é um dos livros mais intrigantes que já li. Na foto temos duas edições. A primeira edição que li é de 1957 e adquiri em 1983. A segunda edição é de 2021. A peste é escrita no período pós-guerra mundial — onde um mundo estava completamente imerso numa melancolia e angústia descomunal. O fio condutor desta novela dá-se através de um vírus que se dissemina de forma incontrolável de animais(ratos) para humanos — bem como em outrora conhecida como Peste Negra. O livro traz consigo uma narrativa a partir do ponto de vista do Dr. Bernard Rieux, o qual vai descrevendo os sucessivos e subsequentes acontecimentos catastróficos de uma epidemia que acomete a cidade de Oran, situada na costa de Argélia (que na época era uma colônia francesa).

Esse livro estonteante é uma clara e direta crítica ao nazismo e à ocupação militar alemã, que humilhou e subjugou os franceses. Escrito ao longo da guerra, com a expectativa que de que a aflição passasse um dia, A peste é uma lembrança de que o pior sofrimento um dia se acaba. Noites são escuras. Mas não são eternas. A peste é também discurso contra qualquer forma de opressão humana, da qual o nazismo revelava-se como a mais opressiva de todas. A peste é ainda atitude de incredulidade para com o absurdo, contra o qual conduz revolta necessária e libertadora.

A Peste é uma obra literatura com panos de fundo existencialistas, uma vez que a narrativa explora sentimentos, emoções e reflexões humanas, centralizando-se especificamente na situação do indivíduo que confronta-se com inquietações interiores, com inseguranças e com incertezas. Este livro apresenta a vida sob uma perspectiva absurda que destaca-se a falta de sentido e a ausência de suportes concretos que forneçam respostas concisas e confortáveis.

Camus concluiu esse desesperado livro lembrando que o bacilo da peste não morre e não desaparece. Avisou-nos que o bacilo da peste fica “dezenas de anos a dormir nos móveis e nas roupas”. Ainda, advertiu que a peste “espera com paciência nos quartos, nos porões, nas malas, nos papeis, nos lenços”. E quando volta, “para nossa desgraça, manda os ratos morrerem numa cidade feliz”.
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CAMUS, Albert. A Peste. Lisboa, Portugal. Editora Livros do Brasil, 1957. 334p.