terça-feira, 31 de julho de 2018

NOVAS LEITURAS E FUTURAS RESENHAS




Recentemente fiz uma boa aquisição de livros da Editora Monergismo. Para quem não sabe, essa editora já está no mercado de livros a mais de 10 anos. Fundada em 2008, a Editora Monergismo possui mais de 100 títulos em seu catálogo, lançando uma média de 10 novos títulos por ano. O nome Monergismo significa “poder de um só” e alude ao fato de que Deus é livre e soberano, enquanto nós, as suas criaturas, somos completamente dependentes dele. Assim, nos dedicamos a publicar livros de excelência, que exaltem o poder e a glória de Deus, que promovam e disseminem o conhecimento bíblico sobre Deus e sobre sua criação. Nossos títulos abrangem obras acadêmicas e populares, com o intuito de ajudar os nossos leitores a crescerem no conhecimento e serviço cristão.

Sobre as obras abaixo, iremos publicar aqui as sinopses e depois iremos trabalhar as resenhas e publicar aqui no nosso blog como também em nosso perfil no instagram.[1] Escrever é algo que me faz sentir bem. Dedicar do meu dia horas para escrever e sempre levar na bolsa um livro, bloco e caneta para aproveitar o tempo seja em que situação for é algo prazeroso.

Vamos aos livros:



(1) O que aprendi em Nárnia – Douglas Wilson. Editora Monergismo, 2018. 177p.


Anos atrás, num dia chuvoso, uma garotinha chamada Lúcia descobriu que o fundo de um guarda-roupa nem sempre é apenas o fundo de um guarda-roupa. Às vezes, é uma porta para outro mundo. No caso dela, esse outro mundo chamava-se Nárnia, e, apesar de ter sido uma das primeiras a entrar nele, ela não foi, de modo algum, a última. Milhões de crianças (jovens e velhas) seguiram-na e conheceram seus estranhos, porém maravilhosos habitantes: Sr. Tumnus, Ripchip e Brejeiro, entre outros.

Mas as lições de Nárnia não pertencem apenas ao mundo da ficção e da fantasia. Pode ser que nunca conheçamos faunos, ratos falantes ou paulamas em nossa vida comum, mas as lições que eles ensinam em As crônicas de Nárnia são as próprias lições de que precisamos para travar as batalhas que enfrentamos em nossa vida cotidiana.

Douglas Wilson começa esta série de meditações sobre As crônicas de Nárnia de C. S. Lewis com a seguinte observação: “Este livro de modo algum se destina a ser uma introdução a Nárnia. Ao contrário, está mais para uma conversa entre dois amigos sobre alguns outros bons amigos, falando sobre os bons momentos que tivemos e por quê”. Wilson realça os temas práticos da vida cristã e madura que emergem dessas histórias clássicas (nobreza, confissão, graça completa) – um contraste feliz à pobreza da vida moderna. Obrigatório para todos os fãs de Nárnia, jovens ou velhos.



(2) O Racionalista Romântico – John Piper e David Mathis [organizadores]. Editora Monergismo, 2017. 240p.

C. S. Lewis foi um dos cristãos mais influentes do século XX. Seu compromisso com a vida da mente e a vida do coração é evidente em clássicos como As Crônicas de Nárnia e Cristianismo Puro e Simples - livros que ilustram a conexão inquebrantável entre pensamento rigoroso e emoção profunda.

Com contribuições de Randy Alcorn, John Piper, Philip Ryken, Kevin Vanhoozer, David Mathis e Douglas Wilson, este volume explora a vida, o trabalho e o legado de C. S. Lewis, enquanto destila-se a prazerosa verdade que estava no cerne do pensamento de Lewis: apenas Deus é a resposta para nossos anseios mais profundos e a fonte de nossa alegria sem fim.



(3) Deus e o Mal: O problema resolvido – Gordon H. Clarck. Editora Monergismo. 2010. 96p.

O tratamento de Gordon Clark ao assunto é uma joia rara. Enquanto outros recuam e são transigentes, cedendo ponto após ponto, ele enfrenta o desafio com conhecimento e precisão. Ele mantém a defesa da natureza constante de Deus e explica todas as outras coisas por meio dela. Essa é a única abordagem correta, e resulta numa resposta que não pode ser questionada. No processo, ele interage com vários teólogos filósofos, chega a definições apropriadas para termos cruciais, e responde às objeções. A exposição de forma geral tão excelente que torna quase todas as outras tentativas supérfluas.



(4) Sabedoria e Prodígios: Graça comum na ciência e na arte – Abraham Kuyper. Editora Monergismo. 2018. 186p.

Como os evangélicos responderão às mudanças culturais contemporâneas? Suas crenças influenciam suas respostas, com ramificações significativas para o futuro de uma sociedade livre e seus negócios, economia e setores públicos. Às vezes o caminho a seguir é encontrado olhando-se para trás.

Abraham Kuyper, teólogo e primeiro-ministro holandês (1901-1905), discorreu sobre a doutrina da graça comum, a teologia do serviço público e o engajamento cultural partilhados pelos cristãos com o restante do mundo.



(5) Deleitando-se na Trindade: Uma introdução à fé cristã – Michael Reeves. Editora Monergismo. 2014. 146p.

Por que Deus ama? Por que Deus é uma Trindade.
Por que podemos ser salvos? Porque Deus é uma Trindade.
Como somos capazes de viver a vida cristã? Por meio da Trindade.

Neste livro vívido, encontramos uma introdução ao cristianismo e à vida cristã que é, do início ao fim, fundamentada em nosso Deus triúno – pai, Filho e Espírito. Não só entendemos a pessoa e obra de cristo por meio da trindade, mas também a oração, a igreja e cada aspecto da nossa fé.

Com sagacidade e clareza, Reeves percorre a história da igreja do começo ao presente, fazendo referência a uma vasta gama de mestres e pregadores notáveis. Aqui está um retrato rico e agradável das crenças básicas do cristianismo que desvela verdades profundas e transformadores da nossa fé.



(6) Deleitando-se em Cristo - Michael Reeves. Editora Monergismo. 2018. 142p.

Se quisermos saber quem Deus é, a melhor coisa que podemos fazer é olhar para Cristo. Se desejarmos viver a vida para a qual Deus nos chamou, precisamos olhar para Cristo. Em Jesus contemplamos o verdadeiro significado do amor, poder, sabedoria, justiça, paz, cuidado e majestade de Deus.

Michael Reeves, autor de Deleitando-se na Trindade, descortina aos leitores a glória e a maravilha de Cristo, oferecendo um retrato maior e mais empolgante do que aquele concebido por muitos. Jesus não nos trouxe meramente boas novas. Ele é as boas novas. Reeves nos ajuda a celebrar quem Cristo é, sua obra na terra, sua morte e ressurreição, seu aguardado retorno e como partilhamos de sua vida.

O objetivo deste livro, portanto, é algo mais profundo que uma nova técnica ou um chamado à ação. Numa era que praticamente nos compele a olhar para nós mesmos, Michael Reeves nos conclama a olhar para Cristo. À medida que focamos nosso coração nele, constatamos como ele é a nossa vida, nossa justiça, nossa santidade e nossa esperança.



(7) Adoração Reformada: Adoração segundo as Escrituras (revisado e expandido) - Terry L. Johnson. Editora Monergismo. 2014. 108p.

Os reformadores e puritanos acreditavam que o modo de adorarmos é tão importante quanto o modo de sermos salvos. Eles ensinavam isso porque entenderam (talvez melhor que quaisquer outros cristãos que já viveram) que a forma como adoramos, em grande medida, determina o Deus que adoramos. Esse é o motivo de a adoração bíblica constituir sempre a resposta do povo redimido à iniciativa da autorrevelação divina. Caso adoremos de acordo com nossas imaginações e tradições, adoraremos (pelo menos em certo grau) a um Deus inventado por nós. Mas quando adoramos de acordo com a própria instrução de Deus, adoramos o Deus existente — o único e verdadeiro Deus.

AGUARDEM AS RESENHAS!



[1] @professorpadua.oficial

quarta-feira, 25 de julho de 2018

BOX95 - JULHO DE 2018 [Apresentação]


BOX95 – JULHO DE 2018

Acabou de chegar a nossa Box95 do mês de julho. Algumas expectativas nós criamos pelo fato de esta caixa quando chega ela traz um conteúdo de supresas. Como eu evito está vendo os spoiler, a surpresa para mim é sempre maior. E que é esta caixa traz de tanto especial?


VEJAMOS:

Mais um marcador de páginas. Desta vez com uma citação de Martin Bucer: “O Reino de Deus exerce seu senhorio na terra pela obra do Espirito Santo nos crentes”.

É interessante notar que sem o Espírito Santo o Reino de Deus não seria possível. Sem o Espírito não haveria Igreja; isto, porque não haveria crente em Cristo. A Igreja é composta por pessoas que confessam o Senhorio de Cristo. Esta confissão só é possível pela ação poderosa do Espírito (Cf. 1 Co 12.3; Rm 10.9-10). A igreja é o reflexo dos atos da Trindade. O Deus Trino atua de tal forma que a Sua igreja foi constituída e é preservada até a consumação definitiva da obra de Cristo, quando Ele será glorificado na Igreja e a Igreja nele: “Quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho). Por isso, também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé, a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.10-12). O Espírito é a alma da Igreja, Quem lhe dá ânimo e vitalidade. É o Espírito Quem dirige os homens à porta de salvação que é Cristo (Jo 10.9).7 No decorrer da História o Espírito tem estabelecido a Igreja, chamando por meio da Palavra os homens para constituírem a Igreja de Deus. “Do mesmo modo que o Espírito Santo formou o corpo físico de Jesus Cristo na encarnação, assim também forma o corpo místico de Jesus Cristo, ou seja, a igreja”.

Um cupom de acesso gratuito a curso Ead oferecido exclusivamente aos sócios. Este curso é oferecido pelo Seminário Martin Bucer sobre “Três reformadores esquecidos e o seu impacto na igreja” (Ulrico Zwinglio, Martin Bucer e Thomas Cromwell). Todos os associados receberão por email um link para ter acesso ao curso online. Os professores nestas aulas serão Franklin Ferreira, Jonas Madureira e Tiago Santos.

Papertoy (?). No último parágrafo da apresentação da revista diz que na caixa vem o papertoy do Martin Bucer. O meu não veio. Mas, isso se resolve depois.



A REVISTA BOX95 EDIÇÃO 14 DE JULHO DE 2018

A Revista Box95 vem recheada de bons artigos e como é anunciado, o convidado do mês o Erlan Tostes que escreve o artigo “Biografia cristãs: Vale a pena ler?” Neste artigo ela mostra a importância de ser ler biografias cristãs e notifica a todos os leitores três pontos favoráveis: (1) Não estamos sós em nossos problemas e crises; (2) Biografia desmitologizam figuras históricas: e (3) Deus é engrandecido através dos atos de figuras do passado.

Na seção CANTE AS ESCRITURAS de Felipe Castelo Branco, o hino do mês é “A Mensagem da Cruz” de autoria do Rev. George Bennard (pastor metodista). Bennard diz que “se convenceu de que a cruz era muito mais do que um símbolo religioso, era o coração do Evangelho”, foi nessa época de meditação sobre a cruz, no ano de 1913, que Bennard sentiu-se impelido a escrever um hino.

Na seção TULIPAS, temos mais uma doçura em forma de palavras escrita pela Mel Barbosa. Desta vez ela escreve algo que é crucial em nossa existência, amigos de alma. No texto, ela cita os amigos de Paulo, Priscila e Áquila e conclui o artigo falando do amigo de João Calvino, um outro reformador Martin Bucer, que “com João Calvino, Deus não agiu diferente ao fazer uso de uma grande amizade para trazer cura ao seu coração.” É, amigo de alma. Isso me lembra Aristóteles que viveu 350 anos antes de Cristo falou sobre a amizade em uma de suas obras chamada Ética a Nicomaco. “Dois amigos são uma mesma alma, vivendo no mesmo corpo.” Em outro lugar ele cita; “A amizade é uma virtude, e é coisa mais necessária á vida”, outra citação diz; “Sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que houvesse outros bens”. Um texto com muito mel.

Tem ainda outros, não menos importantes e com muito conteúdo para nos edificar: Rodolfo Amorim falando sobre hedonismo contemporâneo, Igor Miguel escreve sobre “A Espada na Bainha”; Leonardo Oliveira com a devocional “Porque Tu estás comigo” e finalmente o Geolê com o seu comentário sobre o livro “Uma Confissão” de Liev Tolstói, publicado pela Editora Mundo Cristão.


LIVROS DO MÊS


“Faça Mais e Melhor: Um guia prático para a produtividade – Tim Charles [Editora Fiel]. Este livro foi escrito para servir como um guia para uma produtividade eficiente e de qualidade. Tim Charles oferece conselhos sábios e práticos para a realização de tarefas cotidianas em nosso mundo cada vez mais ocupado e cada vez mais digital. Em “Faça mais e melhor”, você aprenderá: Os obstáculos comuns à produtividade, o grande propósito da produtividade, três ferramentas essenciais para ser produtivo, o poder de rotinas diárias e semanais. E ainda terá um “bônus”, com conselhos para administrar seu e-mail e para organizar melhor sua produtividade.

O autor desta obra, Tim Charles é pastor da igreja Grace Fellowship em Toronto, Canadá. É editor de site de resenhas Discerning Reader e co-fundador da Cruciform Press. Casado com Aileen e pai de três filhos, ele também é blogueiro, Web designer e autor de várias obras. Você pode segui-lo no Twitter em @Challies.



“O Defensor do Amor: Martin Bucer como teólogo e pastor – Thomas Schirrmacher [Editora 371]. Este livro é algo muito especial, pois é o primeiro publicado em língua portuguesa sobre este excelente reformador, resultado de uma parceria entre a Box95 e o Seminário Martin Bucer.

Martin Bucer (1491-1551) foi uma importante ilustração da tentativa de utilizar as Escrituras para encontrar o que é comum numa época em que a cristandade estava começando a experimentar a fragmentação que vemos hoje e a reconquistar os irmãos errantes de maneira amigável e sustentável. Durante muito tempo, Bucer foi o menos conhecido dos grandes reformadores protestantes. Mas em sua vida ele era tão conhecido quanto Lutero e Calvino. Ele alcançou esse status sem estabelecer uma denominação ou confissão, mas foi esquecido em uma época de separatismo da cristandade, que não deixou espaço para os reformadores que amavam a unidade.

Escrevendo em 1539, João Calvino descreveu Martin Bucer como um homem “que por causa de sua profunda erudição, seu abundante conhecimento sobre uma ampla gama de assuntos, sua mente perspicaz, sua vasta leitura e muitas outras diferentes virtudes, ainda hoje permanece insuperável por qualquer pessoa, pode ser comparado apenas a alguns, e se destaca dentre a grande maioria” [p.97]. Calvino escreveu estas palavras durante a sua estadia de três anos em Estrasburgo (1538-1541), onde Bucer foi um reformador proeminente. Depois de sua chegada à cidade, Calvino morou por um tempo na casa de Bucer antes de se mudar para uma casa vizinha. Durante esse tempo, os dois reformadores se tornaram próximos, e Bucer influenciou muito seu colega mais novo. No entanto, apesar da estreita ligação entre Bucer e Calvino, Bucer permanece como um desconhecido para muitos cristãos reformados, relegado ao papel de um reformador secundário.

Este livro vos fará conhecer e se apaixonar por este que é conhecido como o “Diplomata da Fé”. Queremos mais livros sobre Martin Bucer.

Thomas Schirrmacher é doutor em teologia e filosofia, é professor de sociologia da religião na Universidade do Oeste em Timisoara (Romênia) e Presidente e professor de Ética no Seminário Martin Bucer da Europa.

Agora é curtir e preparar o coração para a próxima box95. O prazo para se associar é até 09/08/2018.

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Quer saber mais? Acesse:
Box95 – Um Clube de Assinaturas Reformado


sábado, 21 de julho de 2018

INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO BÍBLICA [Resenha]


KLEIN, William W.; BLOMBERG, Craig L.; HUBBARD, Robert L. Introdução à Interpretação Bíblica. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017. 896p.

Tenho aqui diante de mim, na minha mesa o livro “Introdução à Interpretação Bíblica”. Este livro está na terceira edição nos Estados Unidos e foi publicado no Brasil pela Editora Thomas Nelson Brasil. Este livro como diz a sua sinopse “reflete os últimos avanços de estudos nas áreas da interpretação bíblica e traz a melhor e mais atualizada informação necessária para interpretar as Escrituras. Este livro é extremamente útil, bem organizado e fácil de usar e ler. Suas diretrizes concisas, lógicas e práticas fazem deste livro uma obra de referência indispensável.”

Seus autores são:

William W. Klein - Dr. William Klein ingressou na faculdade do Seminário de Denver em 1978. Ele é professor de Novo Testamento e dirige o Mestrado em Estudos Cristãos programa de graduação. Ele também serviu como decano acadêmico associado de 1994 até 2001. Ele é um membro da Sociedade Evangélica Teológica, Sociedade de Literatura Bíblica, Instituto de Pesquisa Bíblica e Tyndale Fellowship para Pesquisa Bíblica.

Craig L. Blomberg - O Dr. Craig Blomberg é professor emérito de Novo Testamento no Seminário Denver, Colorado (EUA), onde é especialista em estudos do Novo Testamento. Recebeu seu bacharelado pela Faculdade Augustana, Illinois (EUA) (com graduação tripla em Matemática, Espanhol e Religião), seu mestrado na Trinity Evangelical Divinity School, e o Ph.D. na Universidade de Aberdeen, Escócia. É importante lembrar que o Dr. Craig L. Blomberg é o autor de Jesus e os Evangelhos (Edições Vida Nova), Questões cruciais do Novo Testamento (Editora CPAD) e Nem pobreza nem riqueza: as posses segundo a teologia bíblica (Editora Esperança).

Robert L. Hubbard Jr – Dr. Robert Hubbard é professor de Literatura Bíblica no North Park Theological seminary, em Chicago, Illinois, EUA. É graduado pela Wheaton College e pós graduado pelo Fuller Thological Seminary e pela Claremont Graduete University, onde obteve seu Ph.D. É o autor do livro Rute – Comentário do Antigo testamento (Editora Cultura Cristã).

O livro está dividido em 5 partes. Cada parte está dividido com capítulos que procuram preencher lacunas e responder questões importantes sobre a arte de interpretação bíblica.


A primeira parte (Parte 1) mostra A TAREFA DA INTERPRETAÇÃO. Esta parte tem 4 capítulos: A necessidade e a história da interpretação; abordagens literárias recentes da interpretação e o cânon e as traduções.

O Capítulo 1 chama atenção a necessidade da interpretação.

“Entender corretamente a Bíblia é uma tarefa árdua e, por vezes complexa. Podemos prontamente explicar o que a Bíblia diz, mas temos mais dificuldade em concordar sobre aquilo que ela quer dizer a partir daquilo que diz. E, de forma ainda mais problemática, os cristãos modernos divergem profundamente sobre a maneira pela qual as palavras da Bíblia devem influenciar a vida deles nos dias de hoje, se é que elas devem fazê-lo” [p.45]

Isso é verdade, pois nem todos se apercebem do fato de que cada leitura de um texto envolve um processo de interpretação do mesmo. Não existe compreensão de um texto sem que haja interpretação, mesmo que esta leitura seja do jornal e o processo de interpretação aconteça inconscientemente. Sendo um texto, a Bíblia não foge a essa regra. Cada vez que a abrimos e lemos, buscando entender a mensagem de Deus para nós, engaja-nos num processo de interpretação. Como palavra de Deus, a Bíblia deve ser lida como nenhum outro livro. Mas tendo sido escrita por homens, ela deve ser interpretada como qualquer outro livro. Sem interpretação, não há compreensão.

O Capítulo 2, os autores trabalham a história da interpretação. Começando pela interpretação judaica, os períodos apostólico e patrística, idade média, reforma e pós reforma e finalmente ao período moderno. Nenhum intérprete deve desprezar a história da interpretação bíblica. Os escritos dos pais da igreja e dos bons intérpretes contemporâneos e do passado são úteis na avaliação dos resultados da nossa interpretação. A história da igreja, das doutrinas e, particularmente, da interpretação bíblica são referenciais valioso para avaliação da nossa própria interpretação.

“Uma breve pesquisa da história da interpretação bíblica é benéfica de várias maneiras. Primeiramente, ela apresenta questões importantes pertinentes à interpretação bíblica, que, por sua vez prepara o estudante para entender a abordagem dessas questões que apresentamos. Em segundo lugar, ela abre os olhos dos leitores para as oportunidades e as armadilhas envolvidas em tentar contextualizar a Bíblia no presente. Uma avaliação crítica dos principais métodos de interpretação praticados ao longo da história desafia os leitores a desenvolverem uma abordagem pessoal da Bíblia que amplia as oportunidades e diminui as armadilhas. Por último, o conhecimento da história da interpretação cultiva uma atitude humilde com relação ao processo interpretativo. Com certeza queremos evitar os métodos que a história julgou como equivocados e defeituosos. Ao mesmo tempo, a história ilustra como o processo é complicado e como é inadequada a arrogância ao busca-la” [p.79]

O capítulo 3, traz as abordagens literárias recentes da interpretação. No final do século XX, os cristãos em geral, e os protestantes em particular, enfrentam tremendos desafios no campo da interpretação da Bíblia. O mundo acadêmico tem oferecido múltiplas opções metodológicas para a compreensão das Escrituras. Atualmente há uma hermenêutica liberacionista que deram origem a teologia feminista, teologia gay, teologia da prosperidade, teologia da libertação, etc.

“Nas últimas décadas, no entanto, muitos estudiosos da Bíblia, em particular os que estão fora dos círculos evangélicos, tem apelado por nada além de uma mudança de paradigma na hermenêutica. Eles acharam os procedimentos antigos estéreis, limitantes ou enganosas e acreditaram que era hora de fazer algo novo. As sugestões que eles têm feito para substituir a abordagem mais comum de interpretação (a análise histórico-gramatical tradicional) se concentram principalmente em duas áreas de estudo: (1) a crítica literária moderna e (2) a análise sociocientífica. Admitimos que essas novas áreas de estudo podem trazer percepções importantes para complementar a hermenêutica tradicional, mas elas também trazem armadilhas perigosas quando usadas de forma inadequada” [p.144-145].

O capítulo 4 vai tratar do cânon e as traduções das Escrituras. Sendo as Escrituras, cridas por nós, como a palavra de Deus, é importante que conheçamos o que elas contêm: como chegaram até nós e como vieram a ser reconhecidas, dentre muitos outros escritos, das várias épocas, como sendo “inspiradas por Deus”, constituindo o que hoje chamamos Bíblia, Escrituras Sagradas. Contudo, o mais legal deste capítulo é o texto “escolhendo uma tradução”

“Qual tradução é a melhor para usar? A resposta básica é que depende do seu propósito ou momento. Se, a título de fazer estudos de palavras ou destacar uma passagem, você quer uma versão que tenta geralmente refletir a estrutura real da linguagem bíblica e que traduz os termos principais com a mesma palavra no português o mais frequentemente possível, então siga a ARC, a AFC, a VR, TB, ou, com mais poucas exceções, a ARA” [p.243].


A segunda parte (Parte 2) fala sobre O INTÉRPRETE E SEU OBJETIVO. Esta parte tem apenas dois capítulos (cap. 5 e 6).

O capítulo 5 enfatiza as qualificações, pressuposições e pré-entendimentos do intérprete. Como qualificações, os autores nos fornece um quadro com detalhes importantes sobre tais qualidades:

“Acreditamos que há um conjunto de qualificações que coloca o intérprete na melhor posição para obter interpretações válidas a partir do texto bíblico. (1) Fé refletida no Deus que revela; (2) Disposição de obedecer a sua mensagem; (3) Disposição de usar os métodos adequados; (4) Iluminação do Espírito Santo; (5) Ser membro da Igreja” [p.248].

No que diz respeito aos pressupostos do intérprete, é preciso entender que é de suma importância verificar o que há por trás do discurso. A interpretação não é somente influenciada pelas qualificações dos intérpretes, mas também por um conjunto de ideias pré-concebidas.

Os autores escreveram: “Ninguém interpreta nada sem ter por trás um conjunto de pressupostos. Quando supomos explicar o sentido da Bíblia, podemos fazê-lo com um conjunto de ideias preconcebidas. Esses pressupostos podem ser examinados e declarados, ou simplesmente adotados de forma inconsciente, ou numa mescla consciente e inconsciente. Mas todo aquele que afirma não tê-los ou que estuda a Bíblia de forma objetiva e indutiva ou está enganado ou é ingênuo. Defendemos que os intérpretes têm que descobrir, declarar e conscientemente adotas essas suposições com as quais concordam e podem defender, senão eles podem guardar sem nenhum crivo aquelas que já possuem, sejam elas adequadas ou válidas, ou não” [p.259].

E finalmente, o pré-entendimento do intérprete. Todos temos algumas suposições sobre o mundo baseados em nossa experiência, educação e pensamentos anteriores, e interpretamos nossas experiências fundamentados nessas premissas. Elas podem ser verdadeiras ou falsas, ou parcialmente falsas ou verdadeiras, mas elas filtram e colorem tudo o que achamos pela frente. De forma consciente ou não, construímos um sistema de crenças e atitudes que usamos para interpretar ou trazer sentido ao que vivenciamos. Essas crenças e atitudes são chamadas de “pré-entendimento”, e eles desempenham um papel importante para dar forma à nossa visão da realidade. Não podemos evitar ou negar a presença dos pré-entendimentos na tarefa da interpretação bíblica. Todo intérprete chega ao estudo da Bíblia com preconcepções e predisposições.

“Quando falamos de pré-entendimento queremos dizer que ele é um ponto de partida em um certo momento. É o lugar onde começamos o nosso estudo bíblico. Mas o nosso entendimento sobre o ensino da Bíblia e da sua importância nunca será estático, nem deve ser, se estivermos crescendo como cristãos em nosso entendimento espiritual graças ao nosso envolvimento com a Bíblia. O intérprete aborda a Bíblia com perguntas, preconceitos e pré-entendimentos que surgem de sua situação pessoal. Inevitavelmente, esse pré-entendimento influencia a resposta que ele obtém. Contudo, o seu pré-entendimento está sujeito a revisão como consequência do seu estudo honesto e guiado pelo Espírito Santo. O estudo bíblico, se for buscado com responsabilidade, influencia o intérprete: o texto interpreta o intérprete, que se torna não apenas o sujeito que interpreta, mas também o objeto interpretado. Declaramos esse objetivo como o que temos na condição de intérpretes: desejar um pré-entendimento que sempre cresce orientado pela Bíblia que nos capacita cada vez mais a ter descobertas válidas sobre o sentido dos textos” [p.296].

Todo o capítulo 6 tem um só assunto: O Objetivo da Interpretação. Em nosso estudo da Bíblia, buscamos entender a revelação de Deus. Os textos bíblicos originais foram inspirados: esses textos foram codificados nos contextos históricos originais. Mesmo que uma passagem possa ser entendida de várias maneiras, o nosso é determinar qual desses vários sentidos tinha uma chance maior de ser compreensível para o seu autor e para os seus leitores originais. Por essa razão é que as pessoas se comunicam: elas esperam que o que elas expressam seja entendido da forma que elas pretendiam.

Os autores afirmam que “com base no nosso pressuposto de que a Escritura é a Palavra de Deus para as pessoas transmitida por meio de autores humanos, o nosso objetivo em lê-la é descobrir os sentidos dos autores codificados nos textos que eles escreveram. Seguindo a teoria básica dos atos da fala, acreditamos que os autores escreveram textos para transmitir conteúdo e para provocar reações em seus leitores. Cremos que Deus não quis que a Bíblia funcionasse como um espelho refletindo os leitores e os seus significados, mas como uma janela para os mundo e sentidos dos autores e para os textos que eles produziram. Portanto, propomos o seguinte: o sentido histórico codificado pelo autor é o objetivo central da hermenêutica” [p.326].


A terceira parte (Parte 3) fala sobre ENTENDENDO A LITERATURA. Esta parte é constituída pelos capítulos 7 e 8.

O capítulo 7 vai tratar da primeira regra geral para interpretação de textos escritos em prosa. Daí os autores tratar da questão do contexto literário, sua importância, fluxo de pensamento e o sentido preciso das palavras.

“Vários princípios norteiam o intérprete para identificar os cenários histórico-culturais dos mundos bíblicos. Temos que entender cada passagem de modo coerente com o seu cenário histórico e cultural. Para que qualquer interpretação possa se candidatar a ter o sentido que se visualizou em um texto, ela tem que ter o sentido mais provável de acordo com as circunstâncias da escrita e da leitura originais da passagem. Qualquer explicação sugerida para uma passagem que teria sido incompatível ou inconcebível no cenário histórico ou cultural do autor ou dos destinatários não pode ser válida. Pode-se perguntar: de acordo com as circunstâncias originais, qual interpretação se encaixaria de forma mais natural no nosso tempo? Este princípio significa que um intérprete tem que entender o cenário histórico e cultural da forma mais precisa possível e tem que interpretar a mensagem bíblica de forma compatível com esse entendimento” [p.391].

O capítulo 8 continua tratando sobre a regra geral para interpretação de textos escritos e desta vez sobre poesia que é a segunda característica literária mais comum e abrande cerca de um terço de toda a Bíblia. É verdade que este tipo de literatura mesmo fora dos livros chamados de poéticos como Salmos, Jó, Cântico dos Cânticos e Lamentações.

“Igualmente de forma contrária à impressão comum, a poesia marca as páginas do NT, tanto nas suas formas originais quanto nas suas citações do AT. De fato, de forma diferente do que se faz nos dias de hoje, a impressão de mais textos no formato de poesia em vez de prosa nas Bíblias modernas capacitaria o leitor a apreciar melhor a sua natureza poética. Não de admirar que [...] não há nenhum livro da Bíblia que não exija até certo ponto a habilidade de interpretar poesia, porque todos os livros incluem alguma linguagem figurada. O propósito dessa seção é preparar os intérpretes para apreciar e entender como interpretar bem a literatura poética da Bíblia. [...] a Bíblia é um livro afetivo que comunica grande parte do seu significado envolvendo os sentimentos e a vontade dos seus leitores, o leitor tem que ter cuidado para não despoetizar a sua forma ignorando as suas normas literárias” [449-450]. Todo este capítulo trata-se da dinâmica, estrutura, linguagem e unidade maiores da poesia.


A quarta parte (Parte 4) fala sobre ENTENDENDO OS GÊNEROS LITERÁRIOS. Esta parte é constituída pelos capítulos 9 e 10.

O capítulo 9 faz uma exposição dos gêneros literários do Antigo Testamento, tratando de: definição de gênero, narrativas, lei, poesia, profecia e sabedoria. A história das formas é o estudo do desenvolvimento das formas literárias breves do Antigo Testamento. Tem como objetivo fixar cada forma distinta em seu contexto sócio-histórico original. Assim se explica melhor sua significação e esclarece a vida social e cultural de Israel.

“Afirmamos que o estudante da Bíblia que conhece a formação, a função e o cenário de cada tipo literário (gênero) está na melhor posição de interpretar corretamente e evitar sérios equívocos. Então, da mesma forma que na poesia, a discussão de agora em diante se baseia nos notáveis avanços recentes no nosso entendimento sobre o panorama rico e variado da Bíblia. Este capítulo se nutre das descobertas da crítica da forma do Antigo testamento para iluminar o nosso entendimento sobre a estrutura, o tipo de gênero literário, o cenário original, e a intenção de grande parte da literatura do Antigo testamento” [p.518].

O capítulo 10 trabalha a exposição dos gêneros literários do Novo Testamento, tratando de: Evangelhos, Atos dos Apóstolos, Epístolas e Apocalipse. No Novo Testamento não contém tantos gêneros ou formas literárias como o Antigo Testamento. Ainda assim, quatro gêneros mais importantes parecem com várias sub-formas embutidas neles. Como o Antigo testamento, os princípios de interpretação podem variar de acordo com o gênero ou a forma.

“Quando interpretam as passagens do Novo Testamento, posteriormente os leitores têm que sempre levar em conta se eles estão lendo um Evangelho, o livro de Atos, uma epístola ou o livro de Apocalipse. Cada um desses gêneros, por sua vez, contém várias formas ou subgêneros. [...] cada gênero ou forma tem características únicas que os intérpretes também precisam levar em consideração. Não podemos tratar as parábolas exatamente da mesma forma que as histórias de pronunciamento. O ensino no livro de Atos geralmente é mais indireto que nas Epístolas, e a literatura apocalíptica é bem diferente da narrativa histórica direta” [p.706].


A quinta e última parte deste livro (Parte 5) enfatiza sobre OS FRUTOS DA INTERPRETAÇÃO. Esta parte é constituída pelos capítulos 11 e 12.

O capítulo 11 tem como assunto o seguinte tema – usando a Bíblia nos dias atuais. E nos mostra a importância de usarmos a Bíblia, que embora sendo um texto antigo, ela se constitui na revelação de Deus para o seu povo de todos as épocas. Deus nos deu a Bíblia para que pudéssemos conhecê-lo e fazer a Sua vontade aqui na terra. A Bíblia não foi escrita meramente para nossa informação, mas para transformação. “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). A Bíblia dirige-se a todas as áreas da vida. No entanto, não é um manual mágico em ordem alfabética de “como consertar os problemas e ser feliz”.  Como foi exposto aqui, encontramos na Bíblia narrativas, poesias, mandamentos, profecias e promessas, cartas — ela não é uniforme, mas ela é unificadaA Bíblia aponta para uma Pessoa, Jesus Cristo como Redentor e Senhor, e para o relacionamento com Ele. A transformação real e duradoura acontece quando aprendemos a ver a nós mesmos e nossos problemas no contexto do relacionamento vital com Cristo. Abrir a Bíblia no discipulado é aconselhamento não é apenas ir em busca de instruções e ilustrações, mas é encontrar-se com uma Pessoa.

“Milhões ao redor do mundo acham que esse livro venerável fala ao coração deles e é útil para eles. A Bíblia desempenha muitas funções importantes, e, acreditamos, se tornará mais útil ainda se as pessoas a empregarem de acordo com os princípios da interpretação bíblica sensata e precisa que articulamos neste livro. Acreditamos que o povo de deus deve se esforçar para entender e corresponder à sua mensagem. É uma mensagem usada para nos envolver: para nos incentivar, para nos motivar, para nos orientar e para nos instruir. Além disso e acima de tudo isso, a Bíblia retrata a grande narrativa da missão de Deus no mundo: Ele usa o seu povo para o representar e trazer as boas notícias do evangelho para todas as pessoas. Então, devido ao seu caráter como livro histórico e à sua origem divina, refletimos nas páginas seguintes sobre as quais os cristãos usam a Bíblia” [p.709].

O capítulo 12 enfatiza agora sobre a grande necessidade de se fazer a aplicação em cada contexto aonde a Palavra está sendo anunciada. Aplicar a Bíblia é o dever de todos os cristãos. Se não a aplicarmos, a Bíblia torna-se para nós nada mais do que um livro comum, uma coleção impraticável de manuscritos antigos. É por isso que Paulo diz: "O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco" (Filipenses 4:9). O primeiro passo para aplicar a Palavra de Deus em nossas vidas é lê-la. Nosso objetivo na leitura é conhecer a Deus, aprender os Seus caminhos e entender o Seu propósito para este mundo e para cada um de nós individualmente. Ao ler a Bíblia, podemos aprender sobre as interações de Deus com a humanidade ao longo da história, o Seu plano de redenção, Suas promessas e Seu caráter. Vemos como deve ser a vida cristã. O conhecimento de Deus que aprendemos da Escritura serve como uma base inestimável para aplicarmos os princípios da Bíblia à vida.

“Os capítulos anteriores, descrevemos e definimos o modo pelo qual o intérprete decifra o sentido do texto. Mesmo assim, para o cristão praticante, o processo que se iniciou com a interpretação fica incompleto se ele se restringir ao nível do sentido. Tem que se perguntar como que o texto se aplica à vida. Com certeza, não poderemos descobrir a aplicação adequada de um texto até que descubramos o que ele significa. A aplicação coloca a verdade da palavra de deus em perspectiva para as situações específicas, relacionadas à vida. Ela ajuda as pessoas a saber o que fazer ou usar o que elas aprenderam” [p.749].

Finalmente o livro termina com ênfase no principal intérprete das Escrituras, o Espírito Santo. A Bíblia deve ser interpretada através da iluminação do Espírito Santo, mas ao mesmo tempo a Bíblia é um livro, e a única correta interpretação é aquela que concorda com sua gramática – o que está escrito. Por esta razão é importante que nós estejamos familiarizados com as regras ou princípios da interpretação. A ciência da Hermenêutica é o estudo desses princípios. Hermenêutica é um assunto sério. A nossa interpretação da Bíblia irá determinar nossas crenças e essas crenças determinarão como pensamos e agimos. 

“Também seríamos omissos se não relembrássemos o nosso leitor de um pressuposto que afirmamos antes: nada do que ensinamos neste livro chegará ao objetivo proposto se o intérprete não estiver em oração na tarefa hermenêutica. Defendemos esse pressuposto; é parte do nosso pré-entendimento” [p.791.

RECOMENDO.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

A ÚLTIMA NOITE DO MUNDO [Trecho e Apresentação]


"Se você leu as edições especiais de C.S. Lewis, lançadas pela Thomas Nelson Brasil, e ficou com gostinho de quero mais, temos uma grande novidade: tem livro inédito saindo do forno! E os destaques da vez são Sobre histórias e A última noite do mundo, dois grandes títulos desse célebre autor britânico que reúnem textos exclusivos sobre diversas questões religiosas e literárias. Tudo isso, é claro, naquela belíssima edição especial de capa dura que você já conhece. Os dois títulos são lançamentos de setembro e em breve estarão disponíveis em pré-venda para que você possa aumentar sua coleção!"


Enquanto leia um trecho:


O regresso de Jesus à terra é considerado pelo apóstolo Paulo a "bendita esperança" dos cristãos.

Numa época em que o pessimismo e o juízo apocalíptico caracterizam a perspectiva dos cientistas numa extensão quase tão grande como a dos teólogos, ousamos afirmar diretamente, baseados na autoridade da Palavra de Deus, que aguardamos novos céus e nova terra enquanto esperamos pelo Senhor da Glória.

"ousamos afirmar diretamente, 
baseados na autoridade da 
Palavra de Deus, que aguardamos 
novos céus e nova terra enquanto 
esperamos pelo Senhor da Glória."


A doutrina da segunda vinda não tem sentido se, pelo que nos diz respeito, não nos fizer compreender que em qualquer momento do ano se pode aplicar devidamente à nossa vida a pergunta de Donne: "Que seria, se fosse esta A ÚLTIMA NOITE DO MUNDO?".

Por vezes, incomoda-nos essa idéia, acompanhada de profundo terror, o qual é incutido em nós por aqueles que nem sempre se aproveitam devidamente dela. Não é justo, creio eu, pois estou longe de aceitar que se pense no temor religioso como algo desumano e degradante, a ponto de se optar por sua exclusão da vida espiritual. 

Sabemos que o amor, quando puro, não admite nenhuma espécie de temor. O mesmo já não sucede com a ignorância, o álcool, as paixões, a presunção e até a estupidez. 

Seria bom que todos alcançássemos aquele amor puro, em que o temor já não existe; mas não convinha que qualquer outro agente inferior pudesse bani-lo, enquanto não conseguíssemos chegar àquela perfeição.

Quanto a mim, é um caso diferente o argumento que não raro surge de que a idéia da segunda vinda de Cristo pode provocar um terror contínuo nas almas. 

Decerto não é fácil, pois o temor é uma emoção e, como tal, mesmo fisicamente não pode manter-se por muito tempo. Pela mesma razão, não é fácil admitir uma ânsia contínua de esperança na segunda vinda. O sentimento-crise é essencialmente transitório, já que os sentimentos vêm e vão, e só se pode fazer bom uso deles nesta altura. De forma alguma poderiam constituir o nosso alimento de todos os dias na vida espiritual.


"O que importa não é o terror 
(ou a esperança) que possamos 
ter em relação ao fim; o que é 
necessário é não esquecê-lo, 
tendo-o em devida conta."


O que importa não é o terror (ou a esperança) que possamos ter em relação ao fim; o que é necessário é não esquecê-lo, tendo-o em devida conta. Vejamos um exemplo. Uma pessoa normal em seus setenta anos não vai pensar (muito menos falar) na morte que se aproxima; mas não procede assim o avisado, o inteligente, embora os anos ainda não lhe pesem. Seria loucura aventurar-se em ideais baseados em esquemas que supõem mais uns vinte anos de vida; loucura seria não satisfazer a sua vontade. 


"Ora, a morte está para cada 
indivíduo como a segunda vinda 
está para a humanidade inteira."


Ora, a morte está para cada indivíduo como a segunda vinda está para a humanidade inteira. Todos acreditamos, suponho, que o homem tem de desprender-se da sua vida individual, lembrando-se de que essa vida é breve, precária e provisória, e não abrindo o coração a nada que possa findar com ela. O que os cristãos de hoje parecem esquecer com facilidade é que a vida de toda a humanidade neste mundo é também breve, precária e provisória.

Qualquer moralista nos dirá que o triunfo pessoal de um atleta ou de uma dançarina é certamente provisório, mas o principal é lembrar que um império ou uma civilização são também transitórios. 

Sob o aspecto meramente mundano, todos os empreendimentos e triunfos nada significarão quando chegar o fim.

De parabéns, os cientistas e os teólogos: a terra não será sempre habitada. E o homem, por mais que viva, não deixa de ser mortal. Há apenas uma diferença: enquanto os cientistas esperam uma desagregação lenta, vinda do interior, nós a temos como uma interrupção rápida vinda do exterior, a qualquer momento. Será então a "última noite deste mundo".




Clive Staples Lewis, comumente mais referido como C. S. Lewis (Belfast, 29 de novembro de 1898 — Oxford, 22 de novembro de 1963), foi um professor universitário, escritor, romancista, poeta, crítico literário, ensaísta e apologista cristão britânico. Durante sua carreira acadêmica, foi professor e membro do Magdalen College, tanto da Universidade de Oxford como da Universidade de Cambridge. 

Ele é mais conhecido por seus trabalhos envolvendo a apologia cristã, incluindo as obras O Problema do Sofrimento (1940), Milagres (1947) e Cristianismo Puro e Simples (1952), e a ficção e a fantasia, sendo as obras As Crônicas de Nárnia (1950-56), Cartas de um diabo ao seu aprendiz (1942) e Trilogia Espacial (1938-45), exemplos de sua produção literária voltadas para esses temas. Foi também um respeitado estudioso da literatura medieval e renascentista, tendo produzido alguns dos mais renomados trabalhos acadêmicos envolvendo esses temas no século XX. 

Em vida, foi grande amigo do também professor universitário e escritor britânico J. R. R. Tolkien (1892-73). Juntos, os dois serviram como membros do corpo docente da Faculdade de Língua Inglesa da Universidade de Oxford e lideraram o grupo informal de discussão e colaboração literária The Inklings. Apesar de ter sido criado ao longo da infância dentro das tradições da Igreja da Irlanda, se tornou um ateu convicto na altura de sua adolescência, seguindo essa linha de convicção pessoal até o início de sua idade adulta, quando, por intermédio de Tolkien, voltou a professar a fé cristã, se tornando um árduo defensor do cristianismo até o fim de sua vida e carreira.


(Artigo publicado originalmente na revista americana “His”).