Logo de início, o editor Manoel Canuto, já esclarece no prefácio qual o propósito do livro – Salmodia Exclusiva – “estas palavras poderão convencê-lo de que não encontraremos cânticos melhores nem mais apropriados do que os Salmos de Davi, que o Espírito Santo falou e compôs” [p.9].
Esclarecemos pois o que é Salmodia Exclusiva: “Deus ordenou que cantássemos Salmos a Ele. Ele não nos mandou escrever nossos próprios hinos para adoração. Nós devemos fazer como ele ordenou. Ponto.” [1] G. I. Williamson, escreveu: “(1) eu nunca vi nenhuma prova exegética de que Deus quer que produzamos nossos próprios hinos para cantá-los na adoração, no lugar dos Salmos inspirados que ele providenciou...; (2) Em segundo lugar é simplesmente um fato histórico que a grande mudança, em substituir os hinos inspirados pelos não-inspirados, não foi o resultado de novas descobertas no conteúdo da Escritura. Ela não foi uma mudança relutante compelida pela exegese cuidadosa (pelo menos isso não é verdade em vários casos dessa inovação na história das igrejas reformadas conhecidas pelo escritor). Não, a mudança veio, antes, de uma cessão à uma demanda popular crescente – ela foi uma mudança feita para agradar as pessoas”. [2]
O livro está dividido em três longos capítulos que mostram através de fundamentos bíblicos, históricos e confessionais a importância que tem em cantar os Salmos na vida igreja.
O Capítulo 1 [p.37-65] escrito por Joel R. Beeke, um dos editores da Teologia Puritana publicado pelas Edições Vida Nova em 2016. [3] Este capitulo tem como título “Por que Devemos Cantar os Salmos?”. Beeke escreve sobre as bases bíblicas, os benefícios e a beleza de cantar os Salmos.
Em sua argumentação, Beeke ensina que Davi ordenou que os Salmos fossem usados no culto. Ele mesmo compôs muitos Salmos (quase a metade do Saltério), e organizou os levitas sob a liderança de Asafe para cantarem esses Salmos e tocarem instrumentos musicais para o serviço do templo que Salomão haveria de construir. Ele até sugeriu uma seleção de seus Salmos para um culto especial de ações de graças para inaugurar o uso desses instrumentos (1 Cr 15.16-17; 16.4-36).[4] Alguns desses músicos do templo eram também profetas, divinamente inspirados, de forma que eles também podiam escrever “os cânticos do Senhor (1 Cr 25.1,6-7). Dessa forma, começo a composição e coleção daquilo que chamamos o Livro os Salmos [p14]. Beeke, afirma que “os salmos pedem para serem cantados. Por isso, não é de surpreender que, quando o rei exéquias restaurou o culto em Judá, ele ordenou “aos levitas que louvassem o Senhor com as palavras de Davi e de Asafe, o vidente” (2 Cr 29.30). E conclui dizendo: “O apóstolo Paulo ordenou às igrejas dos efésios (EF 5.19) e dos colossenses (Cl 3.16) que cantassem o Saltério e comentou o fato de que os coríntios cantarem salmos (1 Co 14.15,26). Tiago também ordenou a seus leitores que cantassem Salmos (Tg 5.13).” [p.15-16]
O Capítulo 2 [p.37-65], escrito por Terry L. Johnson, é ministro sênior da Igreja Presbiteriana Independente em Savannah, GA. Ele é o autor de The Case for Traditional Protestantism and Reformed Worship. Este capitulo tem como título “Onde estão os Salmos? A História do cântico dos salmos na Igreja Cristã”. Terry escreve que cantar Salmos era uma prática comum na Igreja primitiva, patrística, idade média e durante a Reforma Protestante. Explica a causa do declínio, o reavivamento nos Estados Unidos e Inglaterra e conclui falando sobre os benefícios de se cantar os Salmos.
Argumentando acerca da prática de cantar os Salmos na Igreja primitiva ele diz: “Os Salmos eram o centro dos louvores da igreja do Novo testamento (...) O apóstolo Paulo ordenou às igrejas de Éfeso e de Colossos que cantassem Salmos (Ef 5.19; Cl 3.16)”. E conclui dizendo que “Com surpreendente frequência, o Novo Testamento cita os Salmos, exemplificando como eles mostram uma penetrante consciência da sua importância cristológica e devocional (At 2.24-26; Hb 1.5-13; 2.5-10,12, 13; 3.7-4.7; 5.1-7). [p.41]
A prática do Cânticos dos Salmos na Igreja Patrística é fundamentada nas citações de Tertuliano, Atanásio, Eusébio – Bispo de Cesaréia. Basílio, o Grande, Agostinho, Jerônimo, Sidônio Apolinário, Crisóstomo. Terry cita o Concílio de Braga em 350 d.C. que decidiu que: “Com exceção dos Salmos e dos hinos do Antigo e do Novo Testamentos, nada de natureza poética pode ser cantada na Igreja”. Decisão esta que foi ratificada nos Concílios de Laodiceia (360 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.)
É curioso as citações que ele faz de Dietrich Bonhoeffer, Thomas à Kempis e Mathew Henry, Lutero, Calvino, Martin Bucer e a luta dos pais peregrinos para a manutenção dos Salmos no Culto Solene.
O Capítulo 3 [67-76], escrito por Daniel R. Hyde, Daniel R. Hyde é pastor sênior da Igreja Reformada Unida de Oceanside, na Califórnia. Ele é o autor de “God in Our Midst” [Deus em nosso meio] e “Welcome to a Reformed Church” [Bem-vindo a uma igreja reformada]. Este capitulo tem como título “Por que cantamos os Salmos do Antigo Testamento?”. Daniel faz uma análise geral do cântico de Salmos, classificando-os como: Cânticos de Israel, Cânticos de Jesus, Cânticos dos Apóstolos e Cânticos da Igreja Histórica e apresenta uma série de motivos por que cantar Salmos e enfatiza uma santificação decorrente de sermos cheios do Espírito Santo através do Cântico dos Salmos.
Com respeito a esta santificação, Daniel ensina que a “obra santificadora do Espírito em nosso coração está ligada à nossa prática de cantar-lhe os Salmos com o nosso coração. Na passagem paralela em Colossenses, Paulo ensina que entoar esses cânticos é o meio pela qual a Palavra de Cristo habita ricamente em nós (Cl 3.16). Quando cantamos os Salmos, então, estamos recorrendo ao Espírito Santo e à Palavra, que é a maneira pela qual Jesus disse que somos santificados (Jo 17.17).” [p.71].
O livro termina com uma nota pastoral de incentivo ao uso da Salmodia Exclusiva: “(...) Quero encorajar você, assim como crescer e amadurecer na fé e na piedade não acontecem do dia para a noite, assim também é aprender a adorar de forma consistente com a prática histórica. A recompensa dessa fé perseverante é a maturidade na fé.” [p.75]
Portanto, o livro é muito bom. Recomendo que leiam e é um livro muito bom para estudo em grupo. Concluindo, sou um defensor da Salmodia Exclusiva.
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[1] EDGAR, Bill; EDGAR, John. Breves Argumentos para a Salmodia Exclusiva. Disponível em Acesso em 10 Mai. 2018
[2] CRAMPTON, W. Gary. Salmodia Exclusiva. Disponível em: Acesso em 10 Mai. 2018
[3] Joel Beeke é presidente e professor de teologia sistemática no Puritan Reformed Theological Seminary (EUA) e pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation. Beeke é Ph.D. em teologia pelo Westminster Theological Seminary.
[4] O hino de 1 Crônicas 16.7-36 é uma composição de três salmos: 96.1b-13a; 105.1-15; 106.1b, 47-48.
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[1] EDGAR, Bill; EDGAR, John. Breves Argumentos para a Salmodia Exclusiva. Disponível em
[2] CRAMPTON, W. Gary. Salmodia Exclusiva. Disponível em:
[3] Joel Beeke é presidente e professor de teologia sistemática no Puritan Reformed Theological Seminary (EUA) e pastor da Heritage Netherlands Reformed Congregation. Beeke é Ph.D. em teologia pelo Westminster Theological Seminary.
[4] O hino de 1 Crônicas 16.7-36 é uma composição de três salmos: 96.1b-13a; 105.1-15; 106.1b, 47-48.
Um comentário:
Excelente, Soli Deo Glória.
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