quinta-feira, 22 de junho de 2017

LENDO E COMPARTILHANDO Nº 004



Por que Jesus considera a fé do centurião tão admirável (Mt 8.5-13)? O centurião garante a Jesus que, em sua opinião, é desnecessário o Mestre visitar sua casa para poder curar o servo paralitico. Ele compreende que Jesus precisa apenas dizer uma palavra, e o servo será curado. O centurião explica: “Pois também eu sou homem sob autoridade e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e ele faz” (8.9).

Por que essa evidencia de fé é tão espantosa? Três fatores se destacam.

1. Em uma época de tanta superstição, o centurião creu que o poder curador de Jesus não residia em truques de magia, ou mesmo em sua presença pessoal, mas em sua palavra. Jesus não precisava tocar ou manipular o servo, nem sequer precisava estar presente; Ele só precisava dizer a palavra, e seria feito.

2. O centurião chegou a afirmativas tão confiantes a despeito do fato de não estar alicerçados nas Escrituras. Ele era um gentio. Que noção ele tinha das Escrituras, não sabemos, mas com certeza era bem menos do que a desfrutada por muitas pessoas instruídas em Israel. Contudo, sua fé era mais pura, mais simples, mais penetrante, mais reverente a Cristo do que a dos israelitas.

3. O terceiro elemento espantoso na fé desse homem é a analogia que ele desenvolve. Ele reconhece ser ele mesmo um homem debaixo de autoridade e, portanto, ele tem autoridade quando fala no contexto desse relacionamento. Quando ele diz a um soldado romano sob seu comando para ir ou vir ou fazer algo, ele não está falando com um mero homem a outro homem. O centurião fala com a autoridade de seu chefe, o tribuno, que por sua vez fala, finalmente, com autoridade de Cesar, com a autoridade do poderoso império romano. Essa autoridade pertence ao centurião, não porque ele de fato seja tão poderoso quanto César em todos os senntidos, mas porque ele é um homem sob autoridade: a cadeia de comando significa que quando o centurião fala com o soldado raso, é Roma que está falando. Implicitamente, o centurião está dizendo que reconhece em Jesus uma relação análoga: Jesus está em uma relação tal com Deus, e sob a autoridade de Deus, que quando Jesus fala, é Deus quem fala. É claro que o centurião não falava no quadro de uma doutrina cristológica amadurecida, mas os olhos da fé permitiram que ele enxergasse muito longe.

Essa é a fé que precisamos. Uma fé que confia na palavra de Jesus, reflete uma profunda simplicidade e crê que, quando Jesus fala, Deus fala.

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CARSON, D. A. Por Amor a Deus (Devocionais). Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.34

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