Por que Jesus considera a fé do centurião tão admirável (Mt 8.5-13)? O
centurião garante a Jesus que, em sua opinião, é desnecessário o Mestre visitar
sua casa para poder curar o servo paralitico. Ele compreende que Jesus precisa
apenas dizer uma palavra, e o servo será curado. O centurião explica: “Pois
também eu sou homem sob autoridade e tenho soldados às minhas ordens; e digo a
este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu criado: faze isto, e
ele faz” (8.9).
Por que essa evidencia de fé é tão espantosa? Três fatores se destacam.
1. Em uma época de tanta superstição, o centurião creu que o poder
curador de Jesus não residia em truques de magia, ou mesmo em sua presença
pessoal, mas em sua palavra. Jesus não precisava tocar ou manipular o servo,
nem sequer precisava estar presente; Ele só precisava dizer a palavra, e seria
feito.
2. O centurião chegou a afirmativas tão confiantes a despeito do fato
de não estar alicerçados nas Escrituras. Ele era um gentio. Que noção ele tinha
das Escrituras, não sabemos, mas com certeza era bem menos do que a desfrutada
por muitas pessoas instruídas em Israel. Contudo, sua fé era mais pura, mais
simples, mais penetrante, mais reverente a Cristo do que a dos israelitas.
3. O terceiro elemento espantoso na fé desse homem é a analogia que ele
desenvolve. Ele reconhece ser ele mesmo um homem debaixo de autoridade e,
portanto, ele tem autoridade quando fala no contexto desse relacionamento. Quando
ele diz a um soldado romano sob seu comando para ir ou vir ou fazer algo, ele
não está falando com um mero homem a outro homem. O centurião fala com a
autoridade de seu chefe, o tribuno, que por sua vez fala, finalmente, com
autoridade de Cesar, com a autoridade do poderoso império romano. Essa
autoridade pertence ao centurião, não porque ele de fato seja tão poderoso
quanto César em todos os senntidos, mas porque ele é um homem sob autoridade: a
cadeia de comando significa que quando o centurião fala com o soldado raso, é
Roma que está falando. Implicitamente, o centurião está dizendo que reconhece
em Jesus uma relação análoga: Jesus está em uma relação tal com Deus, e sob a
autoridade de Deus, que quando Jesus fala, é Deus quem fala. É claro que o
centurião não falava no quadro de uma doutrina cristológica amadurecida, mas os
olhos da fé permitiram que ele enxergasse muito longe.
Essa é a fé que precisamos. Uma
fé que confia na palavra de Jesus, reflete uma profunda simplicidade e crê que,
quando Jesus fala, Deus fala.
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CARSON, D. A. Por Amor a Deus (Devocionais).
Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.34
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