quinta-feira, 15 de junho de 2017

A GLÓRIA DE DEUS - O SUPREMO PROPÓSITO DA VIDA [1 Corintios 6.19-20]



INTRODUÇÃO

O Catecismo Maior da nossa igreja, na pergunta de n. 01, diz: “Qual é o fim supremo e principal do homem?”. A resposta vem em seguida dizendo: “O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo plena e eternamente”. E isso não é mera expressão teológica sem fundamentação. A Bíblia, através do profeta Isaías afirma: “a todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para minha glória, e que formei, e fiz”, Is 43.7 [1]

Portanto, fim principal de Deus é a promoção da sua própria glória e o nosso fim principal é glorificá-lo e gozá-lo para sempre. 

John Piper afirma que a felicidade de Deus em Deus é a base da nossa felicidade em Deus. Deus é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele. Deus é inabalavelmente feliz. Sua felicidade é o prazer que tem em si mesmo. Antes da criação, regozijava-se na imagem da sua glória na pessoa do seu Filho. Depois a alegria de Deus “veio a público” na obra da criação e da redenção. [2] 

Essas obras alegram o coração de Deus porque refletem sua glória - “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos”, Sl 19.1.

Deus e não os nossos interesses deve ser o centro da nossa vida. Vivemos para ele e não para nós mesmos. Vivemos e morremos para ele. Somos dele: criados, sustentados, remidos, abençoados e galardoados por ele. Qualquer outro propósito na vida que não seja a glória de Deus está fora de foco. 
a) Comemos e bebemos para a glória de Deus, 1 Co 10.31
b) Trabalhamos e descansamos para a glória de Deus, Ex 20.80-11
c) Compramos e vendemos para a glória de Deus, Tg 4.13-16. 
d) Casamos ou ficamos solteiros para a glória de Deus, 1 Co 7.32-34
e) Criamos filhos e os educamos para a glória de Deus, Sl 127.3

Sobre ser solteiro para glória de Deus, John Piper, em uma de suas mensagens, destaca que aqueles que permanecem solteiros em Cristo, recebem bênçãos prometidas da parte de Deus melhores do que as bênçãos de casamento e filhos. Ao mesmo tempo, recebem o chamado para manifestar, mediante uma devoção que exalta Cristo em sua vida de solteiro, as verdades acerca de Cristo e seu reino que brilham mais claramente por meio do “celibato” do que pelo casamento ou criação de filhos. [3]

Ele se deleita em nós como o noivo se alegra com a sua noiva. Somos seus filhos e herdeiros; somos a herança de Deus, a menina dos seus olhos, a sua delícia. 


COMO PODEMOS GLORIFICAR A DEUS?

Mas, como glorificamos a Deus? Calvino escreve: “Deus já nos prescreveu um modo no qual Ele será glorificado por nós, a saber, a piedade, que consiste na obediência à Sua Palavra. Aquele que excede estes limites não consegue honrar a Deus, mas, ao contrário, O desonra.” Obediência à Palavra de Deus significa buscar refúgio em Cristo para o perdão de nossos pecados, conhecê-Lo através de Sua Palavra, servi-Lo com um coração amoroso, realizar boas obras como gratidão por Sua bondade e exercer uma abnegação que chega ao ponto de amarmos nossos inimigos. Esta resposta envolve uma total rendição a Deus mesmo, à Sua Palavra e à Sua vontade. [4]


1. FAZENDO AS COISAS ORDINÁRIAS DA VIDA COMO UM TRIBUTO DE GLÓRIA PARA DEUS. - “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”, 1 Co 10.31

Todas as coisas têm significado quando as fazemos por meio de Deus e para a glória de Deus. Não existe mais a dicotomia entre sagrado e profano. Tudo em nossa vida passa ser sagrado e cúltico. 

O Rev. Onézio Figueiredo em sua definição de culto, mostra que não há diferença entre uma celebração e a minha vida comum. Veja o que ele escreveu. “O que é Culto: Serviço prestado a Deus pelo salvo e pela comunidade em todas as atividades vitais e existenciais. Servir é a condição essencial do servo. No primeiro caso, trata-se da atividade constante do real servidor de Deus, que o serve de dia e de noite com sua vida, testemunho, profissão e adoração. No segundo, tem-se em vista a liturgia comunitária, a adoração dos irmãos congregados, o ser e a voz da Igreja.” [5]

Fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras. Somos a obra prima de Deus, a poesia de Deus, a delícia de Deus, em quem ele tem todo o seu prazer. Quando praticamos as boas obras para as quais fomos preparados, o nome de Deus é glorificado.


2. OFERECENDO O NOSSO CORPO COMO INSTRUMENTO DE GLORIFICAÇÃO A DEUS. - “Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo”, I Co 6.20.

Ao sermos libertos da escravidão do pecado, os membros do nosso corpo deixam de ser instrumentos de iniquidade, para serem instrumentos de justiça - “nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus (...) como instrumentos de justiça” - Rm 6.13.

O nosso corpo em vez de ser um hotel do pecado, torna-se santuário do Espírito, habitação do Deus vivo – “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”, I Co 6.19.

O nosso corpo não foi criado para a impureza, mas para a santidade – “Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o corpo”, I Co 6:13.

Fomos criados para a glória de Deus e devemos refletir a glória de Deus. É instrutivo o coro de T. M. Jones: [6] “Que a beleza de Cristo se veja em mim. Toda a sua admirável pureza e amor. Oh, tu chama divina, todo o meu ser refina, até que a beleza de Cristo se veja em mim”. 


3. VIVENDO PARA ABENÇOAR OUTRAS PESSOAS A FIM DE QUE SUAS AÇÕES DE GRAÇAS REDUNDEM EM GLÓRIA AO NOME DE DEUS. - “Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça, multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de muitos, para glória de Deus”, II Co 4.15.

Deus é glorificado em nós quando expressamos a compaixão de Cristo pelas pessoas. Deus ama, socorre, consola e anima as pessoas através de nós. Somos o corpo de Cristo em ação na terra. Quando as pessoas tributam a Deus ações de graça pelo bem que lhes fazemos, isso traz glória ao nome de Deus. 

a) Glorificamos a Deus com a nossa conduta irrepreensível - “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” – Mt 5.16

Tudo em nossa vida deve visar a glorificação de Deus; quando isso não acontece, estamos falhando em nossa meta. Quando não glorificamos a Deus em nossa conduta, pecamos! 

“Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem.” - 1 Pd 2:12

b) Glorificamos a Deus quando o servimos com prazer - “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém.” - 1 Pd 4:10,11

O Senhor Jesus em sua oração sacerdotal, Ele afirma que glorificava a Deus com a obra que desempenhou na terra – “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer. E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” - Jo 17:4,5.

Fanny Crosby, cega desde as seis semanas de idade, produzia glória para Deus onde quer que fosse. Mesmo cega ela conhecia a sua Bíblia melhor do que a maioria das pessoas. Ainda jovem já sabia praticamente de cor o Pentateuco, e quase todo o Novo Testamento. Mesmo cega ela aprendeu a valorizar as belezas da criação de Deus e a expressar isso em suas poesias. Decorou os oito mil hinos que escreveu para a glória de Deus. Falou inúmeras vezes para grandes auditórios, tal a bênção que a sua presença transmitia. Aos 94 anos, a 11 de fevereiro de 1915, ela parecia estar bem de saúde, ditou uma carta e escreveu um novo poema, indo depois para a cama. Antes de amanhecer tinha ido para o céu. Qual o cristão que não deu glória a Deus ao cantar as canções escritas por Fanny Crosby? Quantos milhares de pessoas não entregaram suas vidas a Cristo ao ouvirem os hinos: “Manso e suave, Jesus está chamando”, “Mais perto quero estar meu Deus de Ti”. “Que segurança, sou de Jesus”. Milhares de vidas ficaram mais ricas porque a cega Fanny Crosby deu glória a Deus. [7]


PARA CONCLUIR: Meus irmãos, vocês já se perguntaram por que foram criados por Deus e por que estão neste mundo? A sua vida é vivida em função de Deus ou é vivida em função do homem e para a glória do homem! 

A bíblia fala de alguém que não glorificou a Deus com sua vida e morreu comido de bichos – “Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz de um deus, e não de homem! No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou”, At 12.21-22.

O ser humano quando não glorifica a Deus com sua vida, ele não vive para Deus, nem para ele e nem para o próximo. Ser fim é fatal!


_______________________
[1] GEERHARDUS VOS, Johanees. Catecismo Maior de Westminster Comentado. São Paulo: Editora Os Puritanos, 2007, p. 31-33
[2] PIPER, John. A felicidade de Deus: Fundamento para o Hedonismo Cristão. Disponível in: http://www.desiringgod.org/messages/the-happiness-of-god-foundation-for-christian-hedonism?lang=pt Acessado em 25/03/2017.
[3] PIPER, John. Solteiro em Cristo: Um nome melhor que filhos e filhas. Disponível in: http://www.desiringgod.org/messages/single-in-christ-a-name-better-than-sons-and-daughters?lang=pt Acesso em 25/03/2017.
[4] BEEKE, Joel. Espiritualidade Reforma: Uma teologia prática para Devoção a Deus. São José dos Campos, SP: Fiel, 2014, p. 26-27
[5] FIGUEIREDO, Onézio. O Culto. Texto em PDF. Disponível in: http://www.monergismo.com/textos/adoracao/o_culto.pdf Acesso em 25/03/2017
[6] KEITH, Edmond D. Hinódia Cristã. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960. p.89
[7] KEITH, Edmond D. Hinódia Cristã. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960. p.191

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