1. A BÍBLIA COMO A
PALAVRA DE DEUS
A
Bíblia atesta uma dupla revelação de Deus: uma revelação na natureza que nos
cerca, na consciência humana, e no governo providencial do mundo; e uma
revelação encarnada na Bíblia como palavra de Deus. [1]
a) Revelação Geral – O mundo de Deus
não é um escudo que esconde o poder e a majestade do Criador. Pela ordem
natural, é evidente que um potente e majestoso Criador lá está. Paulo diz isso
em Rm 1.19-21, e em At 17.28 cita um poeta grego como testemunha, que os
humanos são criados por Deus. Ele afirma ainda que a bondade desse Criador é
manifesta por meio de suas providências generosa (At 14.17; cf Rm 2.4), e que
ao menos algumas das exigências de sua santa lei são conhecidas de toda a
consciência humana (Rm 2.14-15), juntamente com a desconfortável certeza do
julgamento final de retribuição (Rm 1.32). Essas certezas evidentes constituem
o conteúdo da revelação geral. [2]
b) Revelação Especial – Deus agora suplementa sua revelação geral
com a revelação adicional de si mesmo como Salvador dos pecadores, por meio de
Jesus Cristo. Entendemos por revelação especial a automanifestação de Deus para
certas pessoas em tempos e lugares definidos, permitindo que tais pessoas
entrem num relacionamento redentor com ele.
O homem perdeu o relacionamento
de favor com Deus, que possuíam antes da queda. Era-lhes necessário que viessem
a conhecê-lo de maneira mais plena para que pudessem voltar a preencher as
condições de comunhão. [3]
Essa revelação, ocorrida na história e incorporada na Escritura, abrindo a
porta da salvação aos perdidos.
A maior e mais completa
revelação é a encarnação. A vida e o discurso de Jesus eram uma revelação
especial de Deus. Jesus, foi a revelação mais completa de Deus, porque ele era
Deus. João podia fazer esta afirmação surpreendente: “O
QUE era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o
que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1 Jo 1.1).
E Jesus podia dizer: “Quem me vê a mim vê o Pai” (Jo 14.9). A Escritura afirma
especificamente que Deus falou em seu Filho ou por intermédio dele. Hb 1.1-2
contrasta isso com as formas anteriores de revelação, salientando que a
encarnação é superior.
A Confissão de Fé de Westminster declara: “Ainda
que a luz da natureza e as obras da criação e da providência manifestem a
bondade, a sabedoria e o poder de Deus de tal modo que os homens fiquem
injustificados, contudo não são suficientes para transmitir aquele conhecimento
de Deus e de sua vontade necessário para a salvação. Porquanto aprouve ao
Senhor, em diversos tempos e diferentes for, revelar-se à sua Igreja aquela sua
vontade. E depois, para melhor preservar e propagar a verdade, e para o mais
seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e a
malícia de satanás e do mundo, entregou a mesma para que fosse plenamente
escrita. Isto torna Sagrada Escritura totalmente indispensável, tendo então cessado
aquelas antigas formas de Deus revelar sua vontade a seu povo”. [4]
2. INSPIRAÇÃO
A Bíblia alega ser um livro de Deus e ter uma
mensagem com autoridade divina. Na verdade, os autores bíblicos dizem ter sido
impelidos pelo Espírito Santo a expressar as Suas palavras — que sua mensagem
chegou ate eles por revelação, de forma que as suas palavras foram sopradas (ou
inspiradas) pelo próprio Deus.
E quando seguimos essa abordagem, o primeiro
texto a ser lido é 2 Tm 3.16. Nele, o Novo Testamento fala do Antigo
Testamento, mencionando que “Toda a
Escritura é divinamente inspirada”, ou seja, “Quando Paulo declara, então que
Toda Escritura é produto do fôlego divino, ‘e emanada de Deus’, ele afirma isso
com tanta energia quanto posso empregar que a Escritura é produto de uma
operação especificamente divina”. [5]
Não
confundir inspiração com revelação. Revelação é a comunicação da verdade que
não pode ser de outro modo descoberta; Inspiração está relacionada ao registro
da verdade. Deus inspira o que Calvino denomina como “registros públicos das
coisas que ele fez na História”, para que o homem em todos os tempos possa
saber o que Deus fez e, assim, vir a beneficiar-se disso. E nós temos esses
registros nas Escrituras.[6]
a) Inspiração Verbal - Até onde
sabemos, o homem só foi desenvolver um sistema de escrita depois do dilúvio.
Talvez as pessoas daquela época utilizassem algum método para registrar
quantidades de objetos, mas ao que parece a escrita como hoje a conhecemos teve início na Mesopotâmia e no
Egito, pouco antes de 3000 a.C. Portanto, quando Deus falou ao ser humano na
Antigüidade, isso se deu através de uma revelação oral especial. A revelação
oral de Deus era algo tão especial, verdadeiro e inspirado quanto sua palavra
escrita, que surgiria mais tarde.
Quando
falou a Caim, Deus não o fez através
da voz de sua consciência, e Caim respondeu-lhe com ira. Essa passagem retrata
uma comunicação direta e objetiva da parte de Deus.
Enoque "andou com Deus'', esse
termo provavelmente se refere a um convívio habitual e constante, e não
à ação de caminhar junto com alguém. Tal conceito concorda com a referência no
Novo Testamento de que Enoque foi um profeta (Jd 14).
Noé recebeu revelações explícitas e
meticulosas da parte de Deus. O Senhor lhe disse quais deveriam ser as
dimensões da embarcação, que animais reunir, etc. Sem essa mensagem específica,
Noé também teria perecido. Noé ministrava a Palavra de Deus para sua geração. O
relato de Gênesis, e de forma mais direta uma passagem de 2 Pedro, mostram que
Noé avisou seus contemporâneos a respeito do julgamento iminente que sobreviria
ao mundo. Essa é a função do profeta. Após ter recebido uma mensagem de Deus,
ele deve transmiti-la ao povo.
Deus
falou muitas vezes a Abraão. Deu-lhe ordenanças específicas e promessas que
seriam cumpridas de maneiras que ele jamais poderia ter imaginado. Ele era
considerado um príncipe pelos seus contemporâneos (Gn 23.6) e um adorador do
Deus verdadeiro (Gn 14.22).
b)
Inspiração Escrita - Moisés foi o primeiro profeta a preservar as palavras
de Deus da forma escrita. O Senhor lhe falou face a face (Nm 12.8). Além disso,
ordenou-lhe que escrevesse seus mandamentos (Êx 24.4-8). A maior parte do
Pentateuco, depois do relato do chamado de Moisés, em Êxodo 2, traz expressões
como "o Senhor disse a Moisés". No final de Deuteronômio, lemos que
Moisés escreveu a lei de Deus e instruiu o povo a obedecer aquelas ordenanças,
bem como a lê-las publicamente durante a Festa dos Tabernáculos, realizada a
cada sete anos (Dt 31.9-13).
Mais
tarde foram feitos acréscimos a esse livro das palavras de Deus: Josué escreveu
estas palavras no livro da lei de Deus (Js 24.26). Deus ordenou a Isaías: “Vai,
pois, escreve isso numa tabuinha perante eles, escreve-o num livro, para que
fique registrado para os dias vindouros, para sempre, perpetuamente (Is 30.8).
Deus disse também a Jeremias: “Escreve num livro todas as palavras que eu
disse” (Jr 30.2; cf Jr 36.2-4, 27-31; 51.60). No Novo Testamento, Jesus promete
a seus discípulos que o Espírito Santo os faria lembrar das palavras que ele,
Jesus, havia-lhes falado (Jo 14.26; cf 16.12-13). Paulo ousa dizer que as
palavras que estava escrevendo aos coríntios eram “mandamentos do Senhor” (1 Co
14.37; cf 2 Pe 3.2).
Norman Geisler afirma que um resumo a
respeito do que a Bíblia alega sobre si mesma pode ser encontrado em duas
passagens principais. Pedro disse que os autores foram impelidos pelo Espírito
Santo (2 Pe 1.20-21), e Paulo declarou que seus escritos foram soprados pelo próprio
Deus. Portanto, a Bíblia alega que autores movidos pelo Espírito Santo expressaram as palavras inspiradas por Deus. [7]
3. INERRÂNCIA,
SUFICIÊNCIA E PERSPICUIDADE DAS ESCRITURAS
a) Inerrância – “A
inerrância da Bíblia é uma doutrina bíblica, onde aprendemos que, quando todos
os fatos forem conhecidos, demonstrarão que a Bíblia, nos seus escritos
originais e corretamente interpretada, é inteiramente verdadeira, e nunca
falsa, em tudo quanto afirma, quer no tocante a doutrina e a ética, quer no
tocante as ciências sociais, físicas ou biológicas”. [8]
A
veracidade das Escrituras. Como aprendemos da boca do próprio Jesus – “a Escritura
não pode falhar” (Jo 10.35 ARA). Todo conhecimento que recebemos sobre a fé,
acerca de Deus, Cristo, pecado, graça, glória, provém das Escrituras. A afirmação
da inerrância das Escrituras significa que estas não contêm erro, nem em
matérias doutrinais ou éticas, nem em questões factuais ou históricas e
culturais. O que a Escritura registra é verdadeiro. Dessa forma, a inerrância
se refere não apenas a temas e histórias contidos no texto bíblico, mas também
a cada palavra presente nesse texto.
A
inerrância significa que, de fato, a Escritura ensina como verdadeiro somente
aquilo que é verdade, sendo livre de todo e qualquer erro. Um ponto importante
que precisa ser afirmado aqui é que essa inerrância se refere aos autógrafos
originais, e não as traduções posteriores e nem mesmo à nossa interpretação. [9]
b) Suficiência – Nem a Igreja de Roma,
nem os pentecostais consideram a Bíblia como uma revelação suficiente de Deus. Os
carismáticos têm uma opinião inferior da Escritura e asseveram a necessidade
absoluta da luz íntima e de todo tipo de revelações especiais. Os pentecostais
ensinam que: “João Batista o último
profeta da Dispensação da Lei, entra em o Novo Testamento como profeta de
grande poder. Porém, nele é, sem dúvida encerrado este ofício de acordo com o
estilo e norma da Antiga Aliança. Jesus disse: 'A lei e os profetas duraram até
João...' (Lc 16.16). Agora em Jesus e através de Jesus, se inicia uma 'Nova Ordem
Ministerial', composta pelos profetas do Ministério do Espírito Santo”.
[10]
Nesta nova ordem ministerial, segundo o Prof. Antonio Gilberto, inclui o
profeta que prediz o futuro (At 11.28; 21.10,11). [11]
Os
católicos consideram a Tradição oral como complemento necessário a palavra
escrita. De acordo com os católicos romanos esta tradição incorpora verdades
que os apóstolos pregaram, mas não escreveram, e que foram transmitidas a
Igreja Católica, sem interrupção, de geração em geração.[12]
Estas estão agora contidas principalmente nos decretos dos concílios, e nos
escritos dos pais da igreja, e nos pronunciamentos dos papas, e nas palavras e
usos de liturgia sagrada. [13]
De
modo contrário, os reformadores protestantes afirmam de modo confessional, que
a Bíblia é suficiente para fé e vida. Os reformadores argumentam que a Bíblia é
suficiente para os santos conhecerem o caminho da salvação e a maneira de
viverem com, por e para Deus. Todos afirmam a suficiência das Escrituras
Sagradas conforme descrito na Confissão de Fé de Westminster. Eis o que ela
diz: “Todo o conselho de Deus, concernente a todas as cousas indispensáveis à
sua glória, à salvação, fé e vida do ser humano, ou está expressamente
registrado na Escritura, ou pode ser
lógica e claramente deduzido dela; à qual nada se acrescentará, seja por novas
revelações do Espírito, seja por tradições dos homens”. (2 Tm 3.15-17; Gl
1.8-9; 2 Ts 2.2) [14]
Portanto, nenhum dos reformadores deu ênfase a este
tipo de comunicação extra Escritura. Para os reformadores, toda e qualquer
inovação diferente da comunicação de Deus através das Escrituras nada mais era
do que um sinal de heresia e artimanha satânica. Os fenômenos de “ouvir a voz
de Deus” e “falar com Jesus”, depois da era apostólica, foram tratados como
manifestações bizarras que sempre culminavam em movimentos bizarros e em
doutrinas heréticas.
c) Perspicuidade – Na apreciação da
Igreja Romana a bíblia é obscura e tem grande necessidade de interpretação
mesmo em questão de fé e prática. Nas palavras do Concílio de Trento, a “Santa
Madre Igreja” tem a responsabilidade de “emitir julgamento sobre o verdadeiro
sentido e interpretação das Sagradas Escrituras. A tarefa de interpretar
autenticamente a palavra de Deus, seja escrita ou transmitida, foi confiada
exclusivamente ao magistério vivo da Igreja”. [15]
Contra
esta posição de Roma os reformadores acentuaram a perspicuidade ou a clareza
das Escrituras. Então, o que queremos dizer com “perspicuidade”? Queremos dizer
que a mensagem básica da Bíblia é clara; que o Evangelho central da salvação em
Cristo é acessível a qualquer um que lê ou ouve a Palavra de Deus. Ou dizendo
da maneira como o apóstolo falou, as Escrituras “são capazes de torná-lo sábio
para a salvação mediante a fé em Cristo (2 Tm 3.15). Como disse Martinho
Lutero: “Tudo que há nas Escrituras foi apresentado pela Palavra na mais
definida luz e publicado para o mundo todo”.[16]
Lutero também disse: “O significado das Escrituras é, em si mesmo, tão certo,
acessível e claro que a Bíblia interpreta a si mesma, testando, julgando e
iluminando todo o mais.” [17]
A
perspicuidade da Escritura segue-se de passagens como estas Sl 19.7-8; 119.105,
130. Também afirma que o homem espiritual pode julgá-la e entendê-la (1 Co
2.15; 1 Jo 2.20). A doutrina da clareza das Escrituras também não nega que
algumas partes da Bíblia são mais difíceis de entender do que outras ( 2 Pe
3.16). “O espírito Santo planejou as Escrituras de modo generoso e vantajoso,
de tal maneira que nas passagens mais fáceis Ele alivia a nossa fome, e nas
mais obscuras Ele afasta a nossa soberba. Praticamente nada se encontra nesses
textos obscuros que não se descubra estar dito muito claramente em outra
passagem”. [18]
4.
INTERPRETAÇÃO BÍBLICA (HERMENÊUTICA)
A
Reforma Protestante foi um movimento que incentivou o retorno à Bíblia. Sua
ênfase estava em disponibilizar as Escrituras para os leigos. Wycliffe
defendera esse princípio anteriormente, mas foram Lutero, Tyndale e outros que
realmente levaram adiante o trabalho de traduzir a Bíblia para o idioma das
massas. O corolário era que a Palavra de Deus é um livro simples que pode ser
lido e compreendido por pessoas comuns.
Devido
à sua natureza divino-humana, reconhecemos que há dificuldades de ordem
espiritual e humana para a compreensão das Escrituras. A exemplo do apóstolo
Pedro, nós também admitimos que “há nelas coisas difíceis de entender" (2
Pd 3:16). É, portanto, necessário interpretar a Bíblia corretamente. E, para
isso, faz-se necessária a iluminação do Espírito Santo, o intérprete por
excelência das Escrituras, e o emprego de princípios de interpretação
apropriados. [19]
a) Devem
ser rejeitadas as interpretações espiritualistas subjetivas (alegóricas,
intuitivas e existencialistas), que enfatizam exageradamente o caráter
espiritual das Escrituras em detrimento do seu caráter humano. Devem ser
rejeitadas também, as interpretações humanistas racionalistas (como o método
histórico-crítico), que super enfatizam o caráter humano das Escrituras, em
detrimento do seu caráter espiritual.
b) Deve-se
preferir a corrente reformada de interpretação, caracterizada pelo equilíbrio
decorrente de reconhecer o caráter divino-humano dos escritos sagrados, fundamentada
em pressupostos teológicos ortodoxos, e empregar princípios de interpretação
coerentes com esses pressupostos.
c) Os
principais princípios de interpretação que devemos observar são: (i) as Escrituras
se auto-interpretam; (ii) elas devem ser interpretadas de acordo com a analogia
da fé; (iii) devem ser consideradas dentro do seu contexto específico; (iv)
passagens obscuras devem ser entendidas à luz de passagens mais claras; (v)
todo texto bíblico deve ser interpretado literalmente, a não ser que a própria
Escritura, contexto ou gênero literário indique claramente o contrário; (vi) a
experiência pessoal deve ser julgada (avaliada) pelas Escrituras e não o
contrário; e (vii) a história da igreja é um importante referencial para a
verificação das interpretações.
d) A
compreensão das verdades bíblicas não é o alvo final da nossa interpretação das
Escrituras. É, sim, o meio pelo qual cremos que os sentimentos podem ser
alcançados, de modo que venhamos a amar a Deus de todo o nosso coração; e a
nossa vontade possa ser movida para obedecê-lo, adorá-lo e servi-lo.
5. A DIVISÃO DA BÍBLIA EM
CAPÍTULOS E VERSÍCULOS
Quanto à alegação de que
católicos dividiram a Bíblia em capítulos e versículos, isso está apenas
parcialmente correto. Realmente, foi Estêvão Langton (1150-1228), “professor na
Universidade de Paris e, mais tarde, arcebispo de Cantuária (Inglaterra)”, quem
elaborou “entre os anos de 1204 e 1026”[20] a divisão da Bíblia em capítulos que é
usada nas edições modernas.
Porém, antes dele já existiam
outros sistemas de divisão da Bíblia com, por exemplo, a antiga divisão do
texto hebraico em seções chamadas “sedarins”. Para que na sinagoga o Pentateuco
fosse lido em um período de três anos, este foi dividido em 167 sedarins.[21]
Já a divisão em versículos foi
feita por Roberto Estéfano (1503-1559), também católico. O NT ele dividiu em
1551 e, o AT, em 1555. Todavia, antes dele
já havia um sistema de numeração na divisão do AT.
Veja as preciosas informações a
seguir extraídas de uma das notas de rodapé da obra supracitada de Wilson
Paroschi: Uma Bíblia Latina impressa por Johannes Herbort em Veneza, em 1484,
foi a primeira a trazer os capítulos divididos em seções menores, identificadas
na margem pelas letras A, B, C, D e assim por diante. Em 1523, um sistema de
numeração do AT proposto em 1448 pelo rabino filósofo judeu Isaac Nathan,
nascido em Arles (França), foi pela primeira vez utilizado numa concordância
também impressa em Veneza, a primeira concordância das Escrituras hebraicas.
Cinco anos mais tarde, o mesmo sistema foi inserido por Santes Pagninus,
erudito católico italiano, numa Bíblia Latina, com uma numeração diferente para
o NT. O sistema que prevaleceu nos meios tanto cristãos como judeus, porém, foi
o mesmo o de Estéfano. [22]
Um detalhe interessante sobre
Estéfano é que ele chegou a simpatizar com algumas idéias de João Calvino
(1509-1564), tendo sido acusado de “heresia” pelos professores da Universidade
de Sorbonne (foi considerada o baluarte da fé católica) em Paris. Devido às
suas notas marginais inseridas nas Bíblias que imprimia, foi acusado de não
acreditar na imortalidade da alma e conseqüentemente na intercessão dos santos,
demonstrando com isso ser um católico que nem sempre permitia que a Tradição da
igreja interpretasse a Bíblia por ele. Esse lado da história também deveria ser
considerado.
[1] BERKHOF,
Loius. Teologia Sistemática. Campinas: Luz para o Caminho, 1990, p. 38
[2] PACKER, J.
I. Teologia Concisa. São Paulo: Cultura Cristã, 2014, p. 19.
[3] ERICKSON,
Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.
55.
[4] HODGE, A.
A. Confissão de Fé de Westminster Comentada. São Paulo, SP: Os Puritanos, 1999,
p. 49
[5] Warfield, B. B. citado por BOYCE in: Fundamentos da Fé Cristã. Rio de Janeiro: Central Gospel,
2011, p. 38.
[6] PACKER,
J.I. Conhecendo Deus: o mundo e a Palavra, IN: Firme Fundamento: A Inerrante
Palavra de Deus em um mundo errante. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2013, p. 28.
[7] GEISLER,
Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 213.
[8] COSTA,
Herminsten M. P. A Inspiração e inerrância das Escrituras. São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 1998, p 12
[9] GEISLER,
Norman L. (Editor). A inerrância da Bíblia. São Paulo: Vida, 2003, p. 181-232.
[10] PEDRO,
Severino. A Igreja
e as Sete Colunas da Sabedoria. CPAD,
2011, p. 29
[11] GILBERTO,
Antonio. O Ministério Profético. Rio de Janeiro: CPAD, Jornal Mensageiro da
Paz, Agosto de 2008
[12] Catecismo da Igreja Católica, § 120. Rio de Janeiro:
Edições Loyola, 1993.
[13] BERKHOF, L.
Manual de Doutrina Cristã. Campinas: Luz para o Caminho, 1986, p. 47
[14] HODGE, A.
A. Confissão de Fé de Westminster Comentada, Cap. 1, seção VI. São Paulo, SP:
Os Puritanos, 1999, p. 64
[15] Concílio de Trento, Sessão 4 (8 de abril de 1546)
[16] RYKEN, P.
G. A palavra acessível, IN: Firme Fundamento: A Inerrante Palavra de Deus em um
mundo errante. Rio de Janeiro: Anno Domini, 2013, p. 128.
[17] Ibid, p.
128.
[18] Ibid, p.
131.
[19] ANGLADA,
Paulo. Sola Scriptura – A doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Os
Puritanos, 1998, p. 165.
[20] PAROSHI, Wilson. Origem e Transmissão do Texto do Novo
Testamento. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012, p. 33.
[21] APOLINÁRIO,
Pedro. História do Texto Bíblico: Crítica
Textual (Apostila). São Paulo: Seminário Latino-Americano de
Teologia, 1985, p. 40.
[22] PAROSHI, Wilson. Origem e Transmissão do Texto do Novo
Testamento. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012, p. 34.
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