quarta-feira, 2 de agosto de 2017

CRISTO E OS PROFESSOS CRISTÃOS E A TEMPESTADE ACALMADA [Mateus 8.16-27]


Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes;  para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças. Vendo Jesus muita gente ao seu redor, ordenou que passassem para a outra margem. Então, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça. E outro dos discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Replicou-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Então, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram. E eis que sobreveio no mar uma grande tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto, Jesus dormia. Mas os discípulos vieram acordá-lo, clamando: Senhor, salva-nos! Perecemos! Perguntou-lhes, então, Jesus: Por que sois tímidos, homens de pequena fé? E, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar; e fez-se grande bonança. E maravilharam-se os homens, dizendo: Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? (Mt 8.16-27)

Na primeira parte destes versículos, encontramos um notável exemplo da sabedoria de nosso Senhor ao tratar com os que manifes­tam a disposição de se tomarem seus discípulos.  Este trecho lança tanta luz sobre um assunto freqüentemente mal compreendido em nossos dias, que merece consideração especial.

O texto diz, que um certo escriba ofereceu-se para seguir nosso Senhor por onde quer que Ele fosse. É uma proposta admirável, quando consideramos a classe social que aquele homem pertencia e a ocasião em que foi pro­ferida. Mas, a proposição recebe uma resposta igualmente admirável, que não foi diretamente aceita, embora também não fosse manifesta­mente rejeitada. Nosso Senhor tão somente faz uma réplica solene: “as raposas têm seus covis e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”.

Este outro discípulo de nosso Senhor se apresenta em seguida, pedindo que lhe fosse permitido sepultar o pai, antes de assumir total­mente os deveres de discípulo. À primeira vista, tal pedido parece natural e legítimo. Entretanto, a resposta dos lábios de nosso Senhor não foi menos solene do que a primeira: “Segue-me, e deixa aos mortos o se­pultar os seus próprios mortos”.

Há algo de profundamente impressionante em ambas as respos­tas. Elas deveriam ser devidamente consideradas por todos os que se professam cristãos.

O ensinamento é bem claro: as pessoas que mani­festam o desejo de vir a frente, e se professam verdadeiros discípulos de Cristo, deveriam ser claramente advertidas a “calcular o custo” antes de começarem.
Será que estão preparados para suportar as difi­culdades?
Estão prontos a carregar a cruz?

Se assim não é , tais pessoas ainda não estão aptas para começar.

As respostas de Jesus nos ensinam claramente que há ocasiões em que o cristão precisa literalmente de­sistir de tudo por amor a Cristo e, se necessário, mesmo deveres tão importantes, como o sepultamento de pai ou mãe, devem ser deixados ao encargo de outras pessoas. Sempre haverá quem esteja pronto a com­parecer em nosso lugar; mas tais deveres em tempo nenhum podem ser comparados ao dever maior, que é o de pregar o evangelho e tra­balhar pela causa de Cristo no mundo.

Seria bom se estas palavras fossem mais constantemente relem­bradas nas igrejas. Bem podemos temer que esta lição esteja sendo por demais negligenciada pelos ministros do evangelho, e que muitas pes­soas estejam sendo admitidas à plena comunhão na igreja, sem jamais serem advertidas a “calcular o custo”.

De fato, nada tem feito maior dano ao cristianismo do que a prática de encher as fileiras do exército de Cristo com qualquer voluntário que esteja disposto a fazer uma pe­quena profissão de fé, e que possa falar fluentemente de sua experiência religiosa.

Infelizmente se tem esquecido que os números apenas não significam poder. Pode haver uma grande quantidade de mera religio­sidade externa, enquanto há muito pouco da verdadeira graça.

Nunca nos esqueçamos disto. Cuidemos para nada esconder aos recém- -convertidos e às pessoas que agora estão começando a buscar a Deus. Não deixemos que se enganem com falsas expectativas. Podemos dizer­-lhe que receberão uma coroa de glória no fim, mas que nós também digamos, não menos claramente, que existe uma cruz para ser carre­gada dia após dia.


Na última parte destes versículos, aprendemos que a fé salva­dora com freqüência está permeada de muita fraqueza e Instabilidade. Esta é uma lição que nos deixa humilhados, mas que é deveras salutar.

O texto nos apresenta Jesus e os discípulos atravessando o mar da Galiléia em uma embarcação. Surge uma tempestade, e o barco está em perigo de se encher de água pela violência das ondas. Enquanto isso, nosso Senhor está dormindo. Os discípulos atemorizados acordam Jesus e clamam por socorro. Ele atende ao pedido e faz acalmar as águas com uma palavra, de modo que “fez-se grande bonança”.

Ao mesmo tempo, Ele gentilmente censura a ansiedade de seus discípulos: “Por que sois tímidos, homens de pequena fé?”

Temos aqui um retrato muito nítido do coração de milhares de crentes! Há tantos que, mesmo possuindo suficiente fé e amor para aban­donar tudo por causa de Cristo, e segui-Lo para onde quer que vá, ainda assim, estão cheios de temores na hora da provação!

Quantos têm graça suficiente para se voltarem a Jesus em cada dificuldade, clamando: “Se­nhor, salva-nos”, e ainda não têm graça suficiente para ficarem quietos na hora difícil e confiarem que tudo está bem? Verdadeiramente, o crente tem razão de estar sempre cingido de humildade (1 Pe 5.5).

Que a oração: “Senhor, aumenta-nos a fé”, sempre faça parte das nossas petições diárias. Talvez nunca conheceremos a fraqueza da nossa fé, enquanto não formos postos na fornalha da tribulação e da ansiedade. Felizes os que descobrem, por experiência, que a sua fé é capaz de resistir ao fogo, e que podem, como Jó, dizer: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15).

Portanto, para concluir, devemos relembrar que:

1. O ensinamento é bem claro: as pessoas que mani­festam o desejo de vir a frente, e se professam verdadeiros discípulos de Cristo, deveriam ser claramente advertidas a “calcular o custo” antes de começarem. Nunca nos esqueçamos disto. Cuidemos para nada esconder aos recém- -convertidos e às pessoas que agora estão começando a buscar a Deus. Não deixemos que se enganem com falsas expectativas. Podemos dizer­-lhe que receberão uma coroa de glória no fim, mas que nós também digamos, não menos claramente, que existe uma cruz para ser carre­gada dia após dia.

2. Que a oração: “Senhor, aumenta-nos a fé”, sempre faça parte das nossas petições diárias. Talvez nunca conheceremos a fraqueza da nossa fé, enquanto não formos postos na fornalha da tribulação e da ansiedade. Felizes os que descobrem, por experiência, que a sua fé é capaz de resistir ao fogo, e que podem, como Jó, dizer: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15).

Portanto, quero dizer que: Temos grandes razões para agradecer a Deus por Jesus, o nosso grande Sumo Sacerdote, pois Ele é muito compassivo e terno de co­ração. Ele conhece a nossa estrutura. Ele leva em conta as nossas enfermidades. Ele não lança fora o seu povo por causa de defeitos. Ele se compadece mesmo dos que repreende. A oração, mesmo de “pe­quena fé”, é ouvida e obtém resposta.

Que Deus nos abençoe!

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