domingo, 1 de julho de 2018

AS TRÊS FORMAS DE UNIDADE DAS IGREJAS REFORMADAS [Texto Descritivo]


As Três Formas de Unidade das Igreja Reformadas: A Confissão Belga, O Catecismo de Heidelberg e Os Cânones de Dort. Recife (PE): Centro de Literatura Reformada [CLIRE]. 2017. 183p


Neste livro, contém os três dos mais antigos e importantes símbolos de fé da época da reforma. A Confissão Belga (1561), O Catecismo de Heildelberg (1563) e Os Cânones de Dort (1618-1619) são as três confissões adotadas durante muitos séculos pelas Igrejas de Cristo que têm origem na Reforma, espalhadas em todo o mundo, especialmente as da Europa continental. O conteúdo e ensino dessas grandes Confissões ecoam na exposição ainda mais detalhada da Confissão de Fé de Westminster (1647), do Breve Catecismo (1647) e do Catecismo Maior (1648) adotados pelas Igrejas de Cristo que têm origem na Reforma na Grã-Bretanha.

Os artigos e confissões da Igreja Reformada são os seguintes:

1. A Confissão Belga – “A Simplicidade e a Profundidade da Fé: O primeiro dos padrões doutrinários das Igrejas Reformadas é a Confissão de Fé. É chamado normalmente de Confissão Belga, pois é originário da região sul dos Países Baixos, conhecida hoje como Bélgica. O seu principal autor, Guido de Brès, um pregador das Igrejas Reformadas dos Países Baixos, foi martirizado por causa da Fé no ano de 1567. Durante o Século XVI as igrejas desse país estavam sujeitas às mais terríveis perseguições por parte do governo católico-romano. De Brès preparou essa confissão no ano de 1561 para protestar contra essa cruel opressão e provar aos seus perseguidores que os adeptos da Fé Reformada não eram rebeldes, como haviam sido acusados, mas cidadãos dentro da lei que professavam a autêntica doutrina cristã, segundo as Sagradas Escrituras. No ano seguinte, um seu exemplar foi enviado ao rei Felipe II juntamente com uma petição em que os signatários declaravam estar prontos a obedecer o governo em todas as coisas legítimas, mas que estavam prontos “a oferecer as suas costas aos chicotes, suas línguas às facas, suas bocas às mordaças e o seu corpo inteiro às chamas” ao invés de negarem as verdades expressas nessa Confissão.

Embora não haja logrado o propósito imediato de assegurar a libertação da perseguição, e o próprio de Brès tenha caído com um dos milhares que selaram a fé com as próprias vidas, o seu trabalho tem perdurado e continuará a resistir por séculos.

Ao compor a Confissão, o seu autor valeu-se, numa certa medida, da Confissão das Igrejas Reformadas da França, escrita principalmente por João Calvino e publicada dois anos antes. Contudo, a obra de de Brès não é uma mera revisão do trabalho de Calvino, mas uma composição independente. Ela foi imediata e alegremente recebida pelas igrejas dos Países Baixos e adotada pelos Sínodos Nacionais convocados nas últimas três décadas do Século XVI. Depois de uma criteriosa revisão, não de conteúdo mas textual, o grande Sínodo de Dort de 1618/1619 a adotou como um dos padrões doutrinários da Igreja Reformada, à qual se requer a subscrição de todos os seus oficiais eclesiásticos. É amplamente reconhecida a sua excelência como uma das melhores declarações simbólicas da fé reformada.


2. O Catecismo de Heidelberg – “O Livro da Consolação em Jesus Cristo”: O Catecismo de Heidelberg, o segundo dos padrões doutrinários das Igrejas Reformadas, foi escrito em Heidelberg a pedido do Eleitor Frederico III, governador, entre 1559 e 1576, da mais influente província alemã, o Palatinado. Esse piedoso príncipe cristão comissionou Zacarias Ursinus, vinte e oito anos de idade e professor de Teologia da Universidade de Heidelberg, e Gaspar Olevianus, vinte e seis anos de idade e pregador da corte de Frederico, para que preparassem um catecismo para instruir os jovens e guiar pastores e mestres. Na preparação do Catecismo, Frederico contou com o conselho e a cooperação de todo o corpo docente de Teologia. O Catecismo de Heidelberg foi adotado pelo Sínodo de Heidelberg e publicado na Alemanha com um prefácio de Frederico III datado de 19 de janeiro de 1563. Uma segunda e terceira edição alemã, com alguns pequenos acréscimos, além de uma tradução latina, foram publicadas em Heidelberg nesse mesmo ano. Logo cedo o Catecismo foi divido em cinquenta e duas seções para que cada uma delas pudesse ser explicada às igrejas a cada domingo do ano.

O Catecismo de Heidelberg tornou-se ampla e favoravelmente conhecido nos Países Baixos quase imediatamente após sair das prensas, principalmente pelos esforços de Pedro Dathenus, que o traduziu para o holandês e o acrescentou à sua versão do Saltério de Genebra, publicando-o em 1566. No mesmo ano Pedro Gabriel deu o exemplo, explicando-o à sua congregação em Amsterdã nos sermões das tardes de domingo. Os Sínodos Nacionais do século dezesseis o adotou como uma das Formas de Unidade, requerendo dos seus oficiais eclesiásticos que o subscrevessem e que os seus ministros o explicassem às igrejas. Essas exigências foram fortemente enfatizadas pelo grande Sínodo de Dort de 1618/1619.

O Catecismo de Heidelberg tem sido traduzido em muitas línguas e é o mais influente e o mais geralmente aceito dos diversos catecismos dos dias da Reforma.

3. Os Cânones de Dort – “A Vitória da Gloriosa Graça de Deus”: O terceiro dos padrões doutrinários das Igrejas Reformadas é Os Cânones de Dort, também chamado de Os Cinco Artigos Contra os Remonstrantes. Os Cânones são exposições doutrinárias que foram adotadas pelo grande Sínodo Reformado de Dort de 1618/1619. Esse Sínodo teve dimensão internacional, pois não se compunha apenas de delegados das igrejas Reformadas dos Países Baixos; vinte e sete representantes de igrejas estrangeiras também participaram dele.

O Sínodo de Dort foi convocado em vista de uma séria perturbação no seio das igrejas Reformadas causada pelo surgimento e propagação do Arminianismo.

Jacó Armínio, Professor de Teologia da Universidade de Leyden, e seus seguidores desviaram-se da fé Reformada quanto ao que alegavam em cinco importantes pontos. Eles passaram a ensinar (1) a eleição condicional tendo por base a previsão da fé, (2) a expiação universal, (3) a depravação parcial, (4) a graça resistível e (5) a possibilidade de um verdadeiro crente cair da graça e perder a salvação. Tais posições foram rejeitadas pelo Sínodo e as percepções opostas materializaram-se naquilo que é hoje chamado de Os Cânones de Dort, ou de Os Cinco Artigos Contra os Remonstrantes. Nesses Cânones o Sínodo fixou a doutrina Reformada dos seguintes pontos, a saber, a eleição incondicional, a expiação definida, a depravação total, a graça irresistível e a perseverança dos santos.

Cada Cânone consiste de uma parte positiva e de outra negativa. A primeira é uma exposição da doutrina Reformada referente à questão, e a última é a refutação do erro arminiano correspondente. Embora, quanto à forma há apenas quatro capítulos, causados pela união da terceira e quarta seções em uma única, é certo falarmos em cinco Cânones; o terceiro capítulo é sempre designado como Capítulo III/IV. Requer-se de todos os oficiais eclesiásticos das Igrejas Reformadas que subscrevam aos Cânones, como também à Confissão Belga e ao Catecismo de Heidelberg.

Para tornar cada dia mais público estes documentos, o Centro de Literatura Reformada – CLIRE publicou em 2006 e fez duas reedições deste magnifico livro que traz esses importantes documentos confessionais, subscritos por muitas igrejas fiéis espalhadas por todo o mundo. A CLIRE apresenta três razões que a levou a dedicar tempo e trabalho na reedição desta obra.

1. Fidelidade Bíblica e Confessional – Quem ler os documentos que compõem esses símbolos de fé, não demorará muito para perceber a sua fidelidade aos ensinos dos santos Profetas, do Senhor Jesus Cristo, dos Apóstolos e dos Pais da igreja. Ou seja, o conteúdo das Três Formas de Unidade está em completa harmonia tanto com as doutrinas por meio de Cristo e dos Apóstolos, e, ainda, com a sistematização e proclamação desses ensinos feita pelos antigos e fiéis Pais da igreja. É precisamente essa fidelidade bíblica que permite que as Três Formas de Unidade sirvam de base para muitos outros documentos confessionais que surgiram depois delas.

2. Relevância – Várias são as características que ainda tornam as Três Formas de Unidade relevantes para a Igreja de cristo. Dentre eles, destacamos as suas características Didáticas, Pastoral, Exegética, Apologética e Litúrgica. Didática, porque muitos destes documentos têm o interesse principal de ensinar e instruir os fiéis (crianças, jovens, idosos, e novos convertidos) acerca das verdades fundamentais da fé bíblica. Pastoral, porque tais ensinos são permeados de cuidado e zelo pela saúde espiritual de cada crente, de um modo individual, e da igreja, de um modo coletivo. Exegético, porque as confirmações bíblicas de tais ensinos são acuradamente citadas e indicadas. Apologética, porque tais ensinos têm o objetivo de defender e proteger a fé bíblica e a sã doutrina de deturpações, erros e ataques de grupos e seitas, tanto internos como externos. E, por fim, Litúrgico, uma vez que esses símbolos podem (e devem) ser usados no culto público como instrumentos de confissão e proclamação pública de nossa fé, podendo inclusive, servir também a propósitos homiléticos durante as pregações. Desnecessário será dizer que tais características são indispensáveis na implantação e solidificação da fé reformada em nosso país.

3. Valor Histórico – Por valor histórico, quer-se destacar o fato de cada um desses três documentos fazer parte do privilegiado patrimônio teológico doutrinal da Igreja de Cristo. Ninguém que estude seriamente o desenvolvimento da igreja de cristo depois do período da Grande reforma deixará de perceber o valor histórico das Três Formas de Unidade.

Na reedição deste livro, foram acrescentados recursos pedagógicos para o estudo sistemático e aprofundamento das doutrinas expostas nas Três Formas de Unidade. O principal deles é uma Harmonia das Três Formas de Unidade, que tem como objetivo principal mostrar, de modo esquemático, como os assuntos teológicos comuns abordados por esses padrões doutrinais se harmonizam.

Este livro está disponível na Livraria Reformada 5 Pontos

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