As Três
Formas de Unidade das Igreja Reformadas: A Confissão Belga, O Catecismo de Heidelberg
e Os Cânones de Dort. Recife (PE): Centro de Literatura Reformada [CLIRE].
2017. 183p
Neste
livro, contém os três dos mais antigos e importantes símbolos de fé da época da
reforma. A Confissão Belga (1561), O Catecismo de Heildelberg (1563) e Os
Cânones de Dort (1618-1619) são as três confissões adotadas durante muitos
séculos pelas Igrejas de Cristo que têm origem na Reforma, espalhadas em todo o
mundo, especialmente as da Europa continental. O conteúdo e ensino dessas grandes
Confissões ecoam na exposição ainda mais detalhada da Confissão de Fé de
Westminster (1647), do Breve Catecismo (1647) e do Catecismo Maior (1648)
adotados pelas Igrejas de Cristo que têm origem na Reforma na Grã-Bretanha.
Os
artigos e confissões da Igreja Reformada são os seguintes:
1. A Confissão Belga – “A Simplicidade e a
Profundidade da Fé:
O primeiro dos padrões doutrinários das Igrejas Reformadas é a Confissão
de Fé. É chamado normalmente de Confissão Belga, pois é originário da região
sul dos Países Baixos, conhecida hoje como Bélgica. O seu principal autor,
Guido de Brès, um pregador das Igrejas Reformadas dos Países Baixos, foi
martirizado por causa da Fé no ano de 1567. Durante o Século XVI as igrejas
desse país estavam sujeitas às mais terríveis perseguições por parte do governo
católico-romano. De Brès preparou essa confissão no ano de 1561 para protestar
contra essa cruel opressão e provar aos seus perseguidores que os adeptos da Fé
Reformada não eram rebeldes, como haviam sido acusados, mas cidadãos dentro da
lei que professavam a autêntica doutrina cristã, segundo as Sagradas
Escrituras. No ano seguinte, um seu exemplar foi enviado ao rei Felipe II
juntamente com uma petição em que os signatários declaravam estar prontos a
obedecer o governo em todas as coisas legítimas, mas que estavam prontos “a
oferecer as suas costas aos chicotes, suas línguas às facas, suas bocas às
mordaças e o seu corpo inteiro às chamas” ao invés de negarem as verdades
expressas nessa Confissão.
Embora
não haja logrado o propósito imediato de assegurar a libertação da perseguição,
e o próprio de Brès tenha caído com um dos milhares que selaram a fé com as
próprias vidas, o seu trabalho tem perdurado e continuará a resistir por
séculos.
Ao
compor a Confissão, o seu autor valeu-se, numa certa medida, da Confissão das
Igrejas Reformadas da França, escrita principalmente por João Calvino e
publicada dois anos antes. Contudo, a obra de de Brès não é uma mera revisão do
trabalho de Calvino, mas uma composição independente. Ela foi imediata e
alegremente recebida pelas igrejas dos Países Baixos e adotada pelos Sínodos
Nacionais convocados nas últimas três décadas do Século XVI. Depois de uma
criteriosa revisão, não de conteúdo mas textual, o grande Sínodo de Dort de
1618/1619 a adotou como um dos padrões doutrinários da Igreja Reformada, à qual
se requer a subscrição de todos os seus oficiais eclesiásticos. É amplamente
reconhecida a sua excelência como uma das melhores declarações simbólicas da fé
reformada.
2. O Catecismo de Heidelberg – “O Livro da
Consolação em Jesus Cristo”: O Catecismo de Heidelberg, o segundo dos padrões doutrinários
das Igrejas Reformadas, foi escrito em Heidelberg a pedido do Eleitor Frederico
III, governador, entre 1559 e 1576, da mais influente província alemã, o
Palatinado. Esse piedoso príncipe cristão comissionou Zacarias Ursinus, vinte e
oito anos de idade e professor de Teologia da Universidade de Heidelberg, e
Gaspar Olevianus, vinte e seis anos de idade e pregador da corte de Frederico,
para que preparassem um catecismo para instruir os jovens e guiar pastores e
mestres. Na preparação do Catecismo, Frederico contou com o conselho e a
cooperação de todo o corpo docente de Teologia. O Catecismo de Heidelberg foi
adotado pelo Sínodo de Heidelberg e publicado na Alemanha com um prefácio de
Frederico III datado de 19 de janeiro de 1563. Uma segunda e terceira edição
alemã, com alguns pequenos acréscimos, além de uma tradução latina, foram
publicadas em Heidelberg nesse mesmo ano. Logo cedo o Catecismo foi divido em cinquenta
e duas seções para que cada uma delas pudesse ser explicada às igrejas a cada
domingo do ano.
O
Catecismo de Heidelberg tornou-se ampla e favoravelmente conhecido nos Países
Baixos quase imediatamente após sair das prensas, principalmente pelos esforços
de Pedro Dathenus, que o traduziu para o holandês e o acrescentou à sua versão
do Saltério de Genebra, publicando-o em 1566. No mesmo ano Pedro Gabriel deu o
exemplo, explicando-o à sua congregação em Amsterdã nos sermões das tardes de
domingo. Os Sínodos Nacionais do século dezesseis o adotou como uma das Formas
de Unidade, requerendo dos seus oficiais eclesiásticos que o subscrevessem e
que os seus ministros o explicassem às igrejas. Essas exigências foram
fortemente enfatizadas pelo grande Sínodo de Dort de 1618/1619.
O
Catecismo de Heidelberg tem sido traduzido em muitas línguas e é o mais
influente e o mais geralmente aceito dos diversos catecismos dos dias da
Reforma.
3. Os Cânones de Dort – “A Vitória da
Gloriosa Graça de Deus”: O terceiro dos padrões doutrinários das Igrejas
Reformadas é Os Cânones de Dort, também chamado de Os Cinco Artigos Contra os
Remonstrantes. Os Cânones são exposições doutrinárias que foram adotadas pelo
grande Sínodo Reformado de Dort de 1618/1619. Esse Sínodo teve dimensão
internacional, pois não se compunha apenas de delegados das igrejas Reformadas
dos Países Baixos; vinte e sete representantes de igrejas estrangeiras também
participaram dele.
O
Sínodo de Dort foi convocado em vista de uma séria perturbação no seio das
igrejas Reformadas causada pelo surgimento e propagação do Arminianismo.
Jacó
Armínio, Professor de Teologia da Universidade de Leyden, e seus seguidores desviaram-se
da fé Reformada quanto ao que alegavam em cinco importantes pontos. Eles
passaram a ensinar (1) a eleição condicional tendo por base a previsão da fé, (2)
a expiação universal, (3) a depravação parcial, (4) a graça resistível e (5) a
possibilidade de um verdadeiro crente cair da graça e perder a salvação. Tais
posições foram rejeitadas pelo Sínodo e as percepções opostas materializaram-se
naquilo que é hoje chamado de Os Cânones de Dort, ou de Os Cinco Artigos Contra
os Remonstrantes. Nesses Cânones o Sínodo fixou a doutrina Reformada dos
seguintes pontos, a saber, a eleição incondicional, a expiação definida, a
depravação total, a graça irresistível e a perseverança dos santos.
Cada
Cânone consiste de uma parte positiva e de outra negativa. A primeira é uma
exposição da doutrina Reformada referente à questão, e a última é a refutação
do erro arminiano correspondente. Embora, quanto à forma há apenas quatro
capítulos, causados pela união da terceira e quarta seções em uma única, é
certo falarmos em cinco Cânones; o terceiro capítulo é sempre designado como
Capítulo III/IV. Requer-se de todos os oficiais eclesiásticos das Igrejas
Reformadas que subscrevam aos Cânones, como também à Confissão Belga e ao
Catecismo de Heidelberg.
Para
tornar cada dia mais público estes documentos, o Centro de Literatura Reformada
– CLIRE publicou em 2006 e fez duas reedições deste magnifico livro que traz
esses importantes documentos confessionais, subscritos por muitas igrejas fiéis
espalhadas por todo o mundo. A CLIRE apresenta três razões que a levou a
dedicar tempo e trabalho na reedição desta obra.
1. Fidelidade Bíblica e Confessional – Quem ler os
documentos que compõem esses símbolos de fé, não demorará muito para perceber a
sua fidelidade aos ensinos dos santos Profetas, do Senhor Jesus Cristo, dos
Apóstolos e dos Pais da igreja. Ou seja, o conteúdo das Três Formas de Unidade
está em completa harmonia tanto com as doutrinas por meio de Cristo e dos
Apóstolos, e, ainda, com a sistematização e proclamação desses ensinos feita
pelos antigos e fiéis Pais da igreja. É precisamente essa fidelidade bíblica
que permite que as Três Formas de Unidade sirvam de base para muitos outros
documentos confessionais que surgiram depois delas.
2. Relevância – Várias são as
características que ainda tornam as Três Formas de Unidade relevantes para a
Igreja de cristo. Dentre eles, destacamos as suas características Didáticas,
Pastoral, Exegética, Apologética e Litúrgica. Didática, porque muitos destes
documentos têm o interesse principal de ensinar e instruir os fiéis (crianças,
jovens, idosos, e novos convertidos) acerca das verdades fundamentais da fé
bíblica. Pastoral, porque tais ensinos são permeados de cuidado e zelo pela
saúde espiritual de cada crente, de um modo individual, e da igreja, de um modo
coletivo. Exegético, porque as confirmações bíblicas de tais ensinos são
acuradamente citadas e indicadas. Apologética, porque tais ensinos têm o
objetivo de defender e proteger a fé bíblica e a sã doutrina de deturpações,
erros e ataques de grupos e seitas, tanto internos como externos. E, por fim,
Litúrgico, uma vez que esses símbolos podem (e devem) ser usados no culto
público como instrumentos de confissão e proclamação pública de nossa fé, podendo
inclusive, servir também a propósitos homiléticos durante as pregações.
Desnecessário será dizer que tais características são indispensáveis na
implantação e solidificação da fé reformada em nosso país.
3. Valor Histórico – Por valor
histórico, quer-se destacar o fato de cada um desses três documentos fazer
parte do privilegiado patrimônio teológico doutrinal da Igreja de Cristo.
Ninguém que estude seriamente o desenvolvimento da igreja de cristo depois do
período da Grande reforma deixará de perceber o valor histórico das Três Formas
de Unidade.
Na
reedição deste livro, foram acrescentados recursos pedagógicos para o estudo
sistemático e aprofundamento das doutrinas expostas nas Três Formas de Unidade.
O principal deles é uma Harmonia das Três Formas de Unidade, que tem como
objetivo principal mostrar, de modo esquemático, como os assuntos teológicos
comuns abordados por esses padrões doutrinais se harmonizam.
Este
livro está disponível na Livraria Reformada 5 Pontos
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