A moderna renovação no interesse em reencarnação
levanta algumas perguntas fascinantes. Por exemplo, por que tantas pessoas
acham a idéia da reencarnação tão atrativa?
Uma resposta simples por de ser que a reencarnação nos
oferece uma segunda chance na vida. Tendemos a imaginar como as coisas seriam
se tivéssemos a oportunidade de viver nossas vidas outra vez. Imaginamos que o
tipo de mudança faríamos. Nossos sonhos são atormentados pelo “e sés” e pelos
“pudesse ter sidos” da vida.
Todos nós carregamos um certo fardo de culpa não
resolvida. Uma segunda viagem através da vida oferece a oportunidade de
redimirmos nossos pecados, de compensarmos falhas e deficiências desta vida. A
idéia de encarnações repetidas traz consigo a esperança de progresso, a
esperança de subirmos cada vez mais alto em nossas aspirações de desempenho
moral.
Entretanto, a reencarnação apresenta uma tremenda
dificuldade que raramente é discutida por aqueles que professam tal crença. É o
problema da continuidade da consciência.
Sou um ser humano consciente. Lembro-me das
experiências que tive quando criança. Meu banco de memória guarda um
conhecimento de minha própria história pessoal.
Agora, suponha que esta vida atual seja minha terceira
ou quarta ou centésima reencarnação. O que eu me lembro de minhas encarnações
anteriores? No meu caso a resposta é simplesmente: nada. Não tenho absoluta
nenhuma reminiscência da qualquer experiência de vida anterior ao meu
nascimento. Entendo que algumas pessoas tenham tentado provar, através da
hipnose e de outros métodos, que possuem alguma memória vaga e profundamente
enterrada de uma vida interior. Os argumentos para isto parecem provar mais
daquilo que chamamos imaginação do que memória genuína.
Permitam-me perguntar ao leitor: Você se lembra de ter
vivido neste mundo antes de nascer? Se não se lembra, então o dilema é claro.
Qual é o valor que existe na reencarnação, se não existe nenhuma relação
consciente entre as vidas? Se não existe nenhuma continuidade de consciência,
nenhum tipo de memória, como podemos falar de continuidade pessoal?
Se continuo a viver depois desta vida sem nenhuma
ligação de consciência pessoal, será que o que se segue sou realmente eu?
SPROUL, R. C. Surpreendido pelo Sofrimento. São Paulo:
Cultura Cristã, 1998, p. 97-98.
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