sábado, 8 de outubro de 2022

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER [Resenha 093/2022]


A minha primeira edição, publicado pelo Circulo do Livro é de 1984 e li em 1990. Esta outra edição – linda com capa dura – publicada pela Companhia das Letras, publicada em 2017 e adquirida recentemente.

Lançado em 1982, este romance foi logo traduzido para mais de trinta línguas e editado em inúmeros países. Hoje, tantos anos depois de sua publicação, ele ocupa um lugar próprio na história das literaturas universais. Este é um livro com importante contexto histórico, político e social. A narrativa nos encontra na década de 1960, na antiga Tchecoslováquia (República Tcheca, desde 1993), e, em alguns fragmentos, na década de 1980, após o desenrolar de diversos eventos que afetam a vida de todas as personagens envolvidas. Estas são quatro: Tomas, Tereza, Sabina e Franz (além de um cachorro: Karênin). Todos, de alguma forma, têm suas vidas entrelaçadas, mesmo que alguns não se conheçam pessoalmente, mas se encontram através da análise minuciosa que Kundera faz da trajetória de suas vidas.

Uma das maravilhas desse livro é, justamente, a simplicidade com que Kundera aborda suas profundas e filosóficas reflexões sobre a existência humana e a vida. E, ao mesmo tempo, é um livro tão denso que creio ser mais difícil fazer uma análise boa e precisa dele que faça jus à agradável experiência de sua leitura. Numa linguagem surpreendentemente acessível, Kundera desenvolve a história de seus personagens com poderosas considerações de cunho filosófico desde a primeira página do romance!

O romance descreve a vida humana como uma partitura musical, baseada em motivos que são executados com o ritmo e ênfase escolhida pelo maestro. Filosofia, música, política, história, relações interpessoais e tantos outros temas ganham espaço no mais aclamado escrito de Milan Kundera. O autor tcheco chega a trazer para dentro do livro análises críticas de outras obras ficcionais, reformulando o gênero do romance e fazendo-nos pensar até que ponto a ficção se sustenta. Seria a leveza da literatura tão insustentável quanto a do ser?
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KUNDERA, Milan. A Insustentável leveza do ser. São Paulo, SP: Círculo do Livro, 1984. 261p.

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